BURNOUT – A SÍNDROME DA EXAUSTÃO PROFISSIONAL


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9 de dezembro de 2019

Tempo de Leitura: 4 minutos

BURNOUT – A SÍNDROME DA EXAUSTÃO PROFISSIONAL


O final do ano está chegando e tem muita gente sonhando com as férias. Mas como saber se aquele cansaço que você está sentindo é normal ou se você está sofrendo com a Síndrome de Burnout?  A Síndrome de Burnout, ou Síndrome do Esgotamento Profissional é um distúrbio psíquico caracterizado pelo estado de tensão emocional provocado pelo trabalho.

Entenda o que é Síndrome de Burnout

A síndrome, que foi definida pelo psiquiatra alemão Herbert Freundeberg em 1974, pode ser desenvolvida em resposta ao estresse excessivo e prolongado de atividades relacionadas ao trabalho. A palavra Burnout, de origem inglesa, é resultante de duas outras: burn, que significa “queimar” e out, que quer dizer “fora”. Em tradução para o português, o termo expressa “queimar por completo”. É caracterizada como uma síndrome ocupacional resultante do estresse crônico no local de trabalho que não foi gerenciado com sucesso.

A Síndrome de Burnout foi oficializada recentemente pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como uma síndrome crônica. Enquanto um “fenômeno ligado ao trabalho”, a OMS incluiu o Burnout na nova Classificação Internacional de Doenças (CID-11), que deve entrar em vigor em 1º de janeiro de 2022.

Sintomas
Segundo a Psicanalista Zilá Mallmann “a Síndrome de Burnout, em uma perspectiva psicossocial, tem se definido como uma síndrome cujos sintomas são sentimentos de esgotamento emocional, despersonalização e baixa realização pessoal no trabalho. As principais características dessas dimensões são:

  • Exaustão Emocional, que ocorre quando o indivíduo percebe não possuir mais condições de despender a energia que o seu trabalho requer. Algumas das causas apontadas para a exaustão são a sobrecarga de atividades e o conflito pessoal nas relações. Pode também ser caracterizada, pela falta de forças do trabalhador para enfrentar os projetos e pessoas do dia a dia. Este sente-se impaciente, fraco, com alterações de humor, percebe-se sem a capacidade de recuperar as suas energias de um dia para o outro, e isso, acompanhado de dores psicossomáticas. Esta é a fase que o trabalhador parece encontrar-se preenchido por um vazio. Nestes momentos, se destacam as insatisfações, apatias e o esgotamento. Período em que as queixas são constantes e as dores psíquicas latentes.
  • A Despersonalização é considerada uma dimensão típica da SB e um elemento que distingue essa síndrome do estresse. Originalmente apresenta-se como uma maneira do profissional se defender da carga emocional derivada do contato direto com o outro. Devido a isso, desencadeiam-se atitudes insensíveis em relação às pessoas nas funções que desempenha, ou seja, o indivíduo cria uma barreira para não permitir a influência dos problemas e sofrimentos alheios em sua vida. O profissional em Burnout acaba agindo com cinismo, rigidez ou até mesmo ignorando o sentimento da outra pessoa, define-se pelo distanciamento dos relacionamentos com colegas e outras pessoas, pode tornar-se descomprometido e desconfortável na presença de outros. Os distanciamentos afetivos podem ser percebidos como desumanizado e com desdém, destacando unicamente as relações por conveniência profissional.
  • Reduzida Realização Profissional, a qual ocorre na sensação de insatisfação que a pessoa passa a ter com ela própria e com a execução de seus trabalhos, derivando daí sentimentos de incompetência e baixa autoestima. A Diminuição da Realização Pessoal é evidenciada pelo embate da realidade com as expectativas almejadas. O trabalhador sente que seus objetivos não estão sendo alcançados, que suas atividades não têm valor e que não faz diferença alguma. É o sentimento de frustração, em que seus objetivos profissionais não condizem com o real e, como um mecanismo de defesa, este trabalhador, pode vir se afastar, afetivamente e fisicamente, de suas relações profissionais, familiares e sociais. Por vezes, pode apresentar neste período, as inserções no mundo das drogas, do alcoolismo, e nos casos graves, tentativas de suicídio.”

Psicanalista Zilá Mallmann

Causas
As causas da manifestação da Síndrome de Burnout , segundo a psicanalista, são emocionais. Refere-se a uma incapacidade de “dar conta” da demanda profissional, tanto no que se refere à atividade desenvolvida como também a qualidade do relacionamento interpessoal do local de trabalho. As queixas referentes a estas situações demonstram a imaturidade do ego em adaptar-se as necessidades do local, mesmo sendo o ambiente considerado hostil e exigente.

Podemos pensar em duas situações: uma onde o indivíduo não tem ego suficiente para adaptar-se e ser criativo nas situações de ansiedade e frustrações do ambiente e outra quando seu nível de exigência é muito alto e dificilmente sente-se satisfeito com seu rendimento. Nesta situação passa a trabalhar cada vez mais, compulsivamente, na tentativa de sentir-se gratificado e satisfeito com suas tarefas, levando-o a exaustão.

Possivelmente as pessoas que desenvolvem este quadro já apresentaram dificuldades anteriores na sua vida pessoal. A situação da atividade laboral, é somente um fator desencadeante de algo que já se fazia presente no psiquismo, existe uma pré-disposição a adoecer em situações ansiogênicas onde é necessária uma plasticidade do ego em adaptar-se a situações de tensão. Quando isto não acontece, surgem os sintomas, ou seja, uma incapacidade psíquica de dar conta da demanda externa.”

Tratamento
Para a psicanalista, o  tratamento indicado é a Psicoterapia ou Análise pessoal. “É necessário que o indivíduo identifique suas dificuldades e que possa elaborar seus conflitos para poder suportar com mais saúde as demandas da sua vida. Com frequência usa-se também medicação psiquiátrica, finaliza Zilá.
Para a Coach de Carreira e Consultora em Gestão de Pessoas, Bianca Casanova,  sempre que surgem os primeiros sinais de Burnout é importante focar em estratégias que ajudam a reduzir o estresse, como:

  • Definir objetivos na vida profissional e pessoal;

  • Estabelecer prioridades. Organizar uma lista diária com os afazeres mais urgentes.

  • Participar em atividades de lazer com amigos e familiares;

  • Fazer atividades que “fujam” à rotina diária, como passear, comer num restaurante ou ir no cinema;

  • Evitar o contato com pessoas “negativas” que estejam constantemente reclamando dos outros e do trabalho;

  • Movimentar-se! Escolha uma atividade física prazerosa que caiba na sua rotina: caminhada, yoga, dança, bicicleta…;

  • Cuidar do seu bem-estar. Procurar alimentar-se de forma saudável e dormir em horários regulares;

  • Buscar o progresso em suas tarefas, não a perfeição;

  • Fazer planos que não envolvam o trabalho.

  • Conversar com alguém de confiança sobre o que se está sentindo.

Bianca Casanova, Coach de Carreira e Consultora em Gestão de Pessoas

 

Pela legislação atual, portadores de Burnout tem o direito de pedir afastamento do trabalho, e em casos considerados graves, até  aposentadoria por invalidez.

Segundo, Bianca a doença está relacionada exclusivamente com o trabalho e por isso é equiparada a acidente de trabalho. “Como toda doença ocupacional incapacitante, após diagnóstico médico deve o empregado ser afastado do trabalho”, conclui.



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