ENTREVISTA: Diogo Elzinga


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28 de junho de 2017

Tempo de Leitura: 5 minutos

ENTREVISTA: Diogo Elzinga


Com certeza você já viu os vídeos dele falando sobre as particularidades de Passo Fundo, Carazinho e outras cidades do sul do Brasil pelas redes sociais. O youtuber Diogo Elzinga é natural de Passo Fundo, mas já morou em Novo Hamburgo, Balneário Camboriú, Erechim, Chapecó, e hoje mora em Caxias do Sul. Com 26 anos, formado em Jornalismo e registado como ator, ele conquistou mais de 50 mil inscritos no seu canal do YouTube, mais de 500 mil curtidores no Facebook e incontáveis visualizações em seus vídeos que retratam temas cotidianos com muito bom humor. No mês de junho ele passa pela nossa região apresentando o stand up“Esse dia foi loko”, ao lado do seu colega, primo e também youtuber Caciano Kuffel. Por isso vem conhecer mais sobre ele na nossa entrevista do mês!

Como você descobre tantas informações sobre as cidades sem nunca ter pisado nelas? O primeiro vídeo que eu fiz foi sobre as 30 manias do caxiense e basicamente eu falava sobre o que as pessoas fazem em Caxias porque eu moro aqui. Depois de um tempo eu senti que estava saturando o conteúdo da cidade e procurei um amigo para falar sobre Bento Gonçalves e ele me mandou informações da cidade. Eu não fazia a menor ideia do que eu estava falando sobre a cidade, mas muita gente gostou. Logo, apareceu um amigo de Farroupilha pedindo para eu fazer um vídeo sobre a cidade dele. No início eu tinha poucas fontes, poucos curtidores na página, então não tinha muita gente para pesquisar e publiquei na página pedindo informações sobre as cidades e bem devagarinho as pessoas começaram a mandar. Conforme eu ia falando das cidades o meu público ia crescendo e várias pessoas da região iam me pedindo para falar sobre a cidade delas. E assim as pessoas começaram a me mandar informações sem eu pedir. O meu trabalho é compilar essas informações, verificar as fontes para ter certeza se realmente é verdade e qual a relevância que isso teria no vídeo.

A sua formação em jornalismo te auxilia na produção dos vídeos? De que forma?
Para ser bem sincero eu fiz jornalismo, mas nunca quis ser jornalista. Eu acho legal a parte de descobrir informações e repassar curiosidades para as pessoas. Um campo do jornalismo que eu gostaria de trabalhar seria o dos documentários e é isso que, aos poucos, eu estou tentando trazer para dentro do meu canal, inclusive alguns dos próximos vídeos estão voltados mais para isso de mostrar os lugares, não só falar deles. O conhecimento do jornalismo me auxilia na montagem do roteiro para os vídeos e na parte de checar as informações, de averiguar se as fontes são confiáveis.

A maioria dos seus vídeos faz humor com as particularidades dos gaúchos. Como surgiu essa ideia? Foi muito sem querer, mas ao mesmo tempo eu percebi que se eu fizesse sobre coisas do sul eu teria um engajamento melhor. Não digo que eu sou bairrista, mas eu gosto que as pessoas se identifiquem com o meu conteúdo, tanto que eu falo sobre o Rio Grande do Sul e Santa Catarina. A gente tem grandes humoristas no estado hoje, o Cris Pereira, o Guri de Uruguaiana, mas basicamente eles trabalham com o palco e o meu foco começou totalmente diferente, na internet, tanto que eu só estou indo para o palco agora. O meu foco é o audiovisual, é a produção de vídeos e eu acabei percebendo que não temos uma representatividade do sul falando sobre coisas daqui na internet. Os maiores canais do Brasil estão no eixo Rio-São Paulo ou mais para o Nordeste. Não quer dizer que eu vá ficar para sempre nesse formato, mas acho que é um formato legal que está dando muito certo e as pessoas estão adorando!

O que mudou na sua vida depois de começar a ter tantas visualizações na rede?
Tudo (risos). Eu consegui morar sozinho, consegui montar meu próprio negócio, abri minha empresa e hoje eu ganho a vida com isso. Eu acho muito legal porque vou aos lugares e as pessoas pedem para tirar foto comigo, às vezes até me pedem autógrafo e eu fico meio perdido sem saber o que escrever (risos).  É uma coisa que eu nunca tive na minha vida e que eu acho que não aprendi a lidar direito ainda. As pessoas me falam: “Nossa, tu é famoso!”. E eu digo: “Não eu sou conhecido, famoso é aquele que tu vai ver na novela da Globo, em um filme”.

Você hoje mora em Caxias, mas é natural de Passo Fundo, né? Que lembranças guarda da cidade? Lembro poucas coisas da cidade, pois morei aí até os meus 6 anos. Eu morava em uma rua que se chamava Saldanha Marinho e eu estudava no Zeferino Demétrio Costi. A minha família não tinha muitas condições nessa época e eu sempre falava em casa que os meus coleguinhas compravam lanche no recreio e eu também queria comprar. Um dia minha mãe me deu 50 centavos, e naquele tempo 50 centavos valia alguma coisa. Eu lembro que peguei aquele dinheiro e fui para a escola, passei o primeiro período com a moeda na mão e quando fui para o intervalo estava tão ansioso que cheguei no bar e travei. Olhei a moeda e fiquei pensando o quanto meus pais trabalharam para conseguir aquilo, fechei a minha mão e não comprei nada. No fim do dia devolvi a moeda para a minha mãe e disse que eu não precisava, porque não estava passando fome. E acho que é isso que eu guardo de Passo Fundo, a gente valorizava o pouco que tinha, é uma das lembranças mais legais de quando eu morava aí.

Como é o apoio da tua família ao teu trabalho?
Tudo o que é novo e diferente deixa a família com um pé atrás e foi o que aconteceu quando eu comecei a fazer esses vídeos. Eu morava com a minha mãe e ela falava: “Diogo, tu precisa arrumar um trabalho, as contas estão vindo”. E eu lá fazendo vídeos, bem bobo. Demorou uns quatro meses para ela perceber que aquilo poderia dar dinheiro e nesse momento a família inteira começou a apoiar. Minhas tias, tios, primos, todo mundo começou a compartilhar minhas coisas e dizer “Diogo, eu sempre soube que isso daria certo” (risos). Com a minha mãe eu até faço uma brincadeira que se eu fosse vender droga acho que ela me apoiaria, porque em tudo ela sempre me apoiou. Ela diz que se é isso que eu gosto eu tenho que fazer.

Quais são os teus planos profissionais até o fim do ano?
Entre o ano passado e agora a minha vida é uma sucessão de planos que mudam o tempo todo (risos), mas o meu plano até o fim do ano é montar um canal novo, que eu não posso dizer exatamente o que é, mas vão ser produções de conteúdo diferentes, sem perder a essência dos meus vídeos. Inclusive vou ter a companhia de outro influenciador digital, outro youtuber aqui do RS que eu não vou dizer quem é também. Você deve supor que seja o Caciano, mas vou te dizer que eu não posso te dizer quem é (risos).



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