Entrevista: Luis Fernando Veríssimo


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13 de novembro de 2017

Tempo de Leitura: 3 minutos

Entrevista: Luis Fernando Veríssimo


Ele diz que não é ele quem fala pouco, são os outros quem falam demais. Luís Fernando Veríssimo é escritor, humorista, cartunista, tradutor, roteirista de televisão, autor de teatro e também tem uma veia musical. Em seus textos, o escritor diz muito, mas, pessoalmente, ele é conhecido por ser introvertido e até um pouco tímido.  Filho de um dos maiores escritores do país, Érico Veríssimo, Luis Fernando construiu uma trajetória tão brilhante quanto a de seu pai e conquistou o público, não com romances, e sim com crônicas e histórias cheias de ironias e bom humor. Ele costuma dizer que começou a escrever tarde, pois foi com 31 anos que começou a trabalhar como jornalista no jornal Zero Hora. Logo conquistou uma coluna assinada com seu nome e, em 1973, seu primeiro livro “O Popular”, uma coletânea de textos já publicados nos jornais onde trabalhava. Entre as suas obras mais conhecida estão “Ed Morte e outras histórias”, “Comédias da vida privara” e “O Analista de Bagé”. O autor escreve ainda para os jornais Zero Hora, O Estado de São Paulo e O Globo, e é criador dos personagens “As Cobras”, cujas tiras de quadrinhos são publicadas em diversos jornais. No mês de novembro, o escritor esteve na região para participar da 31ª Feira do Livro de Passo Fundo, pela qual foi escolhido para ser o Patrono.

O que representa para você ser o Patrono de uma Feira literária?
É sempre uma honra. E uma maneira de ajudar a promover o livro e a leitura, mesmo quando, como é meu caso, não se tem muito jeito para a coisa.

Como você avalia a importância das Feiras de Livros que acontecem em cidades como Passo Fundo?
As feiras literárias transformam o livro em notícia, em evento social e em festa, e nesse sentido são importantíssimas.

Quais são as melhores coisas que esse encontro com os leitores proporciona para você?
É uma forma do autor conhecer o leitor e o leitor conhecer o autor, e os dois se desmistificarem mutuamente.

A ironia é sempre muito presente nas tuas obras. Você alguma vez já foi mal interpretado?
O que é escrito com ironia precisa ser lido com ironia, senão não funciona. Já tive alguns casos de ironia mal entendida.

As crônicas remetem a assuntos do nosso cotidiano. Por isso, o que mais tem pautado as tuas crônicas ultimamente?
O bom da crônica é que nela cabe tudo, da ficção ao comentário político ou cultural e à brincadeira. Se tem tamanho de crônica, é crônica.

Como funciona o teu processo criativo?
Sabe que eu não sei? É um processo misterioso, mesmo para o próprio autor.

Você também toca sax, não é mesmo? Como é essa ligação com a música?
Toquei sax alto numa banda chamada Jazz 6 durante quase 20 anos. Tive que parar por questões de saúde, mas tenho boas lembranças da experiência.

A música influencia na sua escrita? De que forma?
Acho que não influencia. A não ser na medida em que a música embala o pensamento e atiça a criação.

O  que você mais gosta de ler? Quais são os teus livros de cabeceira?
Tenho lido pouca ficção, como gostaria. Leio mais sobre história e política, e mais crítica literária do que literatura. A obrigação de nos mantermos bem informados rouba tempo da leitura por prazer.

Como você se sente ao ver as suas histórias ganharem vida na TV ou em peças de teatro?
Sempre encaro a adaptação de textos meus para a TV ou o teatro como a criação de outra pessoa, não a julgo pela fidelidade ou não ao original. São linguagens diferentes.

Você tem alguma novidade para ser lançada em breve?
Talvez saia um livro de crônicas antes do fim do ano, mas não sei quais são os planos da editora.



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