Entrevista – MARCOS PIANGERS


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11 de novembro de 2015

Tempo de Leitura: 4 minutos

Entrevista – MARCOS PIANGERS


Com textos divertidos e emocionantes, Marcos Piangers, autor do livro “O Papai é Pop”, está incentivando todos os seus leitores a serem pais presentes, que valorizem cada momento vivido junto com seus filhos

Pai em tempo integral, Marcos Piangers (35) chegou a adaptar a sua rotina de trabalho para passar mais tempo ao lado das filhas.  Ele é comunicador, trabalha em plataformas digitais no grupo RBS, e é conhecido por ser um dos integrantes do programa Pretinho Básico, da Rede Atlântida. Nascido em Florianópolis, o pai das pequenas Anita (10) e Aurora (3), mudou-se para Porto Alegre em 2006. Desde a gestação da primeira filha, Piangers começou a fazer anotações sobre fatos e sentimentos, histórias estas que se transformaram em crônicas e deram origem ao livro “O Papai é Pop”, que está emocionando muitos leitores, sejam eles pais, mães ou filhos. O livro, da editora Belas Letras, já ultrapassou 50 mil cópias vendidas e é um dos maiores best sellers do Brasil!

 

Como surgiu a ideia de escrever um livro? Cada historia que vivemos com os nossos filhos são presentinhos que a vida nos dá. Então, desde os meus 24 anos, quando nasceu a minha primeira filha, eu vou anotando tudo o que acontece, como foi o nascimento, os primeiros dias, como cuidei dela enquanto a minha mulher se recuperava do parto… E assim fui vendo o quanto é precioso isso, que a visão dos nossos filhos renova a nossa forma de ver a vida. Aos poucos essas histórias viraram textos, foram colocados no meu facebook, eles foram emocionando pessoas. Até que um dia uma editora de Caxias do Sul me convidou para publicar o livro. Eu não esperava que fosse acontecer todo esse sucesso, hoje sou muito agradecido porque se formou uma grande comunidade de pais comprometidos com a educação e em deixar um mundo melhor aos nossos pequenos.

 

O que você buscou ao contar histórias onde as suas filhas são as protagonistas? Cada vez que os nossos filhos nos contam algo, isso nos faz melhor. Uma vez minha filha me disse que amor é quando eu chego em casa cansado e mesmo assim vou brincar com ela. Isso me deixa bastante otimista em relação à contribuição que os nossos filhos podem ter para o futuro do mundo. O que me deu esperança de encontrar eco, e hoje isso está acontecendo, muitas pessoas que leem as minhas crônicas vêm me contar as suas histórias.

 

Antes de se tornar pai como você imaginava que seria? Antes de ser pai a gente tem a visão conforme aquilo o que as pessoas nos falam, do romantismo do dia do nascimento, pensando que é amor a primeira vista. E na verdade é algo bem assustador e diferente. Por outro lado, alguns falam para aproveitar para dormir porque depois não vai dar. Mas afinal, a gente vira tantas noites estudando ou em festas, então porque não ficar sem dormir para cumprir justamente a maior missão do ser humano que é ter um filho? Eu acho que as pessoas exageram muito, tanto no romantismo, como quando dizem que é muito difícil. A realidade é menos romântica, mas extremamente gratificante, pois mesmo nos momentos ruins eles nos incentivam a valorizar os bons.

 

O escritor durante o bate-papo na Feira do Livro de Passo Fundo

O escritor durante o bate-papo na Feira do Livro de Passo Fundo

 

Como você vê o papel do pai na sociedade em que vivemos? Penso que saímos de uma realidade em que os pais eram comprometidos em pagar conta, para uma em que eles também estão comprometidos com a educação, alimentação, segurança e em dar atenção e carinho. Então, só por isso já acho que somos a melhor geração de pais da história. A culpa e o medo de estarmos fazendo errado são lindos, pois demonstra que estamos preocupados e queremos acertar mais. O papel do pai hoje é mais do que dividir as tarefas com a mãe, ele deve tentar fazer mais. A mulher já tem o corpo e a produção modificada, ela já paga alguns preços e o homem não, por isso deve ser mais comprometido.

 

O que você considera um papai pop? Não é o pai perfeito, ele erra, mas erra porque está presente, participando, porque está preocupado em acertar. Quem sabe um dia este papai pop poderá dormir tranquilo por saber que fez a sua parte.

 

Como é a rotina com as suas filhas? Eu defini algumas prioridades, prefiro trabalhar de madrugada se for preciso a ter que ficar no escritório até mais tarde depois do expediente. Então eu fico com elas todas as noites, brincamos, assistimos filmes, lemos livros, ajudo no banho e no jantar e depois que as coloco para dormirem volto a trabalhar, se for necessário naquele dia.

 

Em que momentos você gosta de escrever? Todas as situações que eu vivo e penso que daria uma história eu anoto, seja num papel ou até no celular. Depois, de madrugada, quando estou sozinho essas frases vão dando origem a textos maiores.

 

Por que você decidiu doar os lucros obtidos com o livro? Eu vou doar todo o meu lucro, porque eu quero que esse ciclo seja virtuoso, perfeito do começo ao fim. Escrever sobre a própria família é algo assustador e dá medo que as pessoas não respeitem isso. Por outro lado, ouvir as histórias dos leitores, seja de pais presentes ou mães guerreiras, é o meu verdadeiro pagamento.

 

Quais são as suas dicas para que os nossos leitores sejam papais pops: Minha dica é que prestem atenção, estejam lá de verdade quando os seus filhos estão com vocês. Nunca aconteceu de ninguém no seu leito de morte ter dito ‘deveria ter trabalhado mais, agradado mais meu chefe…’ normalmente as pessoas se arrependem por não terem visto os filhos crescerem e valorizado sua família. Por isso não deixe esse arrependimento bater em você, e então, eventualmente, você vai poder, em seu leito de morte, dizer que cumpriu a principal missão do ser humano, que é criar outro ser humano.

 



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