Exposição “A cor do sorriso” é aberta na UPF


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20 de novembro de 2017

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Exposição “A cor do sorriso” é aberta na UPF


elsoli Casagrande, egresso do curso de Design Gráfico e fotógrafo, é autor da mostra que promove ação contra o racismo
O sorriso retrata o estado de espírito, é o reflexo da alma. O sorriso não tem cor, mas expressa a essência de cada ser, que transcende a superficialidade das relações humanas. Com o objetivo de instigar a reflexão sobre igualdade racial, o prédio da Reitoria da Universidade de Passo Fundo (UPF) recebe a exposição fotográfica “A cor do sorriso”, de autoria do egresso do curso de Design Gráfico e fotógrafo Gê Casagrande, como é conhecido na comunidade. A abertura foi realizada na manhã desta sexta-feira, 17 de novembro.
A mostra é uma alusão ao mês da consciência negra, cuja data mais significativa é o dia 20 de novembro. A data marca a morte do Zumbi dos Palmares, um dos maiores símbolos de resistência e luta contra a escravidão no período do Brasil Colonial. Para a exposição, os modelos foram fotografados em seus ambientes de trabalho, com o propósito de abranger diversas áreas.
Conforme Casagrande, a exposição é uma ação contra o racismo. “Pensei em retratar os modelos em seu ambiente de trabalho, de forma a mostrar que eles estão no nosso meio, lutando diariamente e mostrando o seu valor. Desejo que o público admire a arte, mas também faça uma reflexão, extinguindo seus preconceitos”, comentou.
A cor do sorriso na UPF e na comunidade
Presente na solenidade, a presidente da Fundação Universidade de Passo Fundo (FUPF) Maristela Capacchi destaca a essência da mostra. “Ela realmente representa a cor do sorriso. Nos faz lembrar a necessidade da inclusão, da tolerância e de sermos todos iguais, independentemente da cor”, disse.
O reitor da UPF José Carlos Carles de Souza cita que o trabalho realizado por Gê Casagrande retrata o valor dos vários sorrisos existentes, principalmente pela ótica da cor. “A exposição vem ao encontro do que fazemos na Universidade, que é acolher, cada vez mais, todas as pessoas. Uma instituição como a nossa, plural, necessita, sim, de uma convivência maior e entrosada entre todas as pessoas que gravitam no nosso espaço, integram a sociedade e participam da comunidade”, defendeu.
Em seu depoimento, a vice-reitora de Extensão e Assuntos Comunitários Bernadete Maria Dalmolin mencionou o quão fundamental é a abordagem do tema. “Hoje é um dia especial. Como universidade, temos a alegria de termos sorrisos de todas as cores e de irmos rompendo, enquanto instituição formadora, os pré-conceitos presentes no dia a dia, na prática, fazendo parcerias e desconstruindo formas de ver e de pensar, trazendo para o centro as questões que ainda distanciam tanto os nossos povos. Este momento é de extrema emoção. Estamos expressando que somos uma universidade de todas as cores e de todos os sorrisos”, afirmou.
A abertura também contou com a presença da vice-reitora de Graduação Rosani Sgari, de alguns dos modelos fotografados, de parceiros da exposição e demais autoridades, além da apresentação do Grupo Alforria – Confraria de São Miguel. Mariane Loch Sbeghen, coordenadora do curso de Artes Visuais da UPF, conta detalhes sobre o desenvolvimento da mostra. “O Gê me procurou, dizendo que gostaria de realizar uma exposição na UPF. Então, eu o desafiei a fazer uma abordagem sobre a consciência negra. Ele abraçou a causa e se superou nas composições e no tema”, recorda, enfatizando que a exposição “A cor do sorriso” é itinerante: iniciou na Reitoria e seguirá para os campi e para as unidades acadêmicas.
“A cor da nossa raça”
Presidente da Sociedade Beneficente Cultural Ile Asé Oba Aganjú Alafim Jetioka, Carmem Holanda foi uma das modelos fotografadas. Ela falou a respeito da importância da comunidade negra na sociedade. “Nós, negros, sorrimos desde que saímos da nossa terra. Sorrimos quando somos descriminados. Sorrimos quando estamos achatados. Sorrimos porque temos a cor da nossa raça, temos a cor do sorriso. Nós gingamos, sorrimos com o corpo e com os olhos. Graças a Deus, acreditamos em pessoas que sabem enxergar esse sorriso, pois são seres humanos que se despem de seus preconceitos e que são convidados, conosco, a construir um novo mundo, uma nova história, lutando contra a intolerância religiosa e racial”, observou.
Integrante do projeto de extensão “UPF e Movimentos Sociais: os desafios das relações étnico-raciais”, o professor Frederico Santos dos Santos agradeceu ao autor pela exposição. “Em nome do projeto, agradeço ao Gê. Ter uma mostra como esta, em um espaço como este, significa que a Universidade assume a temática com muita dignidade. Os sorrisos retratados pelo fotógrafo dão uma dimensão de corpos audaciosamente africanos, que não tentam se mascarar na sua condição e conseguem trazer toda a negritude para uma mente bastante sensível ao captar esses olhares”, pontuou.
Parceiro na impressão das imagens, o diretor executivo do Grupo Foto Sul, Rodrigo Scortegagna, salientou que é emocionante participar de projetos como esse, que engrandecem a sociedade e a cultura negra. “É fundamental que hajam espaços onde seja possível mostrar tudo o que os negros têm a ensinar, pois temos muito o que aprender com eles”, pensa.
Três décadas de registros fotográficos
Gelsoli Casagrande tem mais de 30 anos de experiência na fotografia. Especialista em retratos, já teve exposições em países como México, Venezuela, Chile, Argentina e Uruguai. O fotógrafo agradeceu pela presença de todos os convidados. “É um motivo de orgulho ver que parte dos meus modelos estão aqui. Estou feliz e triste: feliz pelo resultado do trabalho e triste porque estamos em meados de 2017 e ainda temos que fazer algumas ações para lutar contra o racismo. Esse é um povo muito sofrido, que enfrenta o racismo não só pela cor, mas pelos mais diversos motivos. Então, cabe a nós lutarmos para que isso não aconteça mais e para que, independentemente da sua cor, da sua condição social, da sua escolaridade e do seu trabalho, todos recebam respeito. A mostra foi um desafio e precisa, por meio das fotos, ser refletida. Qual cor tem o sorriso? O sorriso não tem cor. Qual cor tem o abraço? O abraço não tem cor. Que possamos pensar sobre essas questões e sejamos muito felizes”, finalizou.
A exposição “A cor do sorriso” pode ser conferida no hall do prédio da Reitoria até o dia 30 de novembro. Toda a comunidade está convidada a prestigiar.
 
Fotos: Alessandra Pasinato e Gelsoli Casagrande



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