Luiz Marenco – ENTREVISTA


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19 de setembro de 2016

Tempo de Leitura: 3 minutos

Luiz Marenco – ENTREVISTA


No mês que homenageia a história do gaúcho, conheça a trajetória do músico Luiz Marenco, que traz em sua voz a verdadeira identidade do Rio Grande do Sul

Um dos espetáculos nativistas mais requisitados do Sul do Brasil, Luiz Marenco (51) é conhecido por apresentar canções ligadas a terra, valores, hábitos e costumes do seu povo. Com 29 anos de carreira, 22 CDs e 2 DVDs gravados, Marenco transforma poesias nas mais belas músicas nativistas, arrebatando, por onde passa, admiradores da sua voz, que é a verdadeira identidade do Rio Grande do Sul.

Natural de Porto Alegre, atualmente mora em um rancho, em Santana da Boa Vista, onde vivencia os costumes gaúchos e vive a vida à sua maneira. Mesmo vindo de uma família que não tinha ligação com a música, quando começou a escutar os artistas regionais, Marenco descobriu o que queria fazer. Desde então, o amor por este chão falou mais alto e se transformou nas mais belas canções que representam o nosso Estado.

 

Como foi o seu despertar para a música?
A música chegou tarde em minha vida,  não havia ligação familiar, portanto, não tinhamos o hábito escutar música nativista em casa. Lembro que quando pequeno ganhei um violão do meu pai, mas naquela época não conhecia o folclore da nossa música. Eu só fui pegar este violão aos 22 anos de idade, quando comecei a ouvir Noel Guarany, Jayme Caetano Braun e Cenair Miacá. Foi neste momento que peguei o gosto pela música de raiz, e então comecei a querer cantar. Na época morava em um pequeno distrito de São Jerônimo, onde não tinha luz, e lá eu ouvia uma fita cassete dada por Sérgio Carvalho Pereira. Mas a minha vontade era cantar aquele estilo de música, o que eu tinha reconhecido como algo verdadeiro.

 

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Quando iniciou a sua carreira profissional?
Foi em 1988, quando comecei a cantar profissionalmente. Eu conheci o poeta Sérgio Carvalho Pereira e comecei a cantar as suas músicas. Depois comecei a compor e logo, em 1989, conheci Jayme Caetano Braun que me deu dois poemas, que eu os gravei no meu primeiro disco, em 1991. Neste momento comecei a participar de festivais, viajando o Rio Grande inteiro para ir a esses eventos, e assim acabei me tornando conhecido.

 

Como é hoje ser convidado para se apresentar nestes festivais?
Estes festivais são muito importantes para criação de obras e músicos, são deles que nasceram todos os cantores do movimento nativista do Rio Grande do Sul que conhecemos hoje.  Eu fui um desses, nasci da vitrine deste movimento e hoje fico muito feliz em poder retornar aos festivais me apresentando. Quando posso também participo concorrendo, pois acho muito importante, é um laboratório, onde aprendemos com os novos e podemos ver as reações das pessoas.

 

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Em que você se inspira para compor as canções?
Atualmente estou compondo pouco. Mas quando eu recebo um poema é que eu me inspiro para criar uma melodia. Às vezes estou caminhando ou viajando e começo assoviar uma melodia e com ela me recordo de algum poema e assim se forma a música. A minha filosofia é espirita, então acredito que temos que estar abertos, com uma energia boa, equilibrados, e naquele momento em que a melodia vem é porque estamos ligados a algo. Componho sentindo aquilo que o poema me traz, às vezes também acontece de a inspiração surgir do nada, já aconteceu de eu acordar com uma melodia na cabeça.

 

Em algum momento você chegou a pensar que música regional poderia perder o lugar para as novas culturas musicais que vão surgindo?
Isso nunca passou pela minha cabeça, não acredito que esses novos gêneros possam tirar o espaço da música regional, porque ela está aí na boca das crianças, na nossa identidade. Nós temos um povo muito enraizado a tudo que nos foi ensinado, pois temos uma história muito bonita. Acredito, sim, que a nossa música nunca vai ultrapassar o Sul, pois está falando de um povo que vive e apita este lugar.  Ela será respeitada, mas nunca tomara conta do país, ela é a nossa maneira de falar, de cantar e é só nossa.

 

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Como você vê o fato dos jovens gostarem tanto da tua música?
Eu percebo que o nosso jovem, desde o final dos anos 90, começou a procurar mais pela nossa música regional, que estava um pouco adormecida. Hoje eles têm muita informação, ouvem todos os estilos musicais, mas também estão preocupados em conhecer a sua música. Acredito que pela imprensa ter dado mais espaço para a canção regional, possibilitou um conhecimento maior. Quando eu canto vejo crianças de 5, 7 anos cantando comigo e fico muito feliz, pois no futuro elas vão passar isso aos seus filhos.

 

Quais são os próximos projetos que você pode nos adiantar?
Recentemente, em 2015, lancei o Disco Sul, que nasceu de um livro, que compõe em torno de 30 poemas e fotografias. Agora estou preparando o lançamento de um novo disco e também um DVD, que deve acontecer em 2017.

 

Você já se apresentou diversas vezes na nossa região, como você vê a receptividade deste público?
Essa região é muito rica culturalmente, gosto muito de cantar para este povo, pois as pessoas vibram e sentem o que cantamos. Essas pessoas gostam do meu trabalho e isso me inspira a fazer novas músicas.



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