Pet Terapia: Tratamento além de procedimentos e medicamentos


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22 de julho de 2019

Tempo de Leitura: 4 minutos

Pet Terapia: Tratamento além de procedimentos e medicamentos


Rabo abanando e muitos sorrisos.  Maria Clara Bottin, 11 anos, atira uma bolinha, Filó, toda faceira corre pegar. Ao ler isso, imaginamos, cachorro e criança brincando em uma praça ou em casa. Mas, esse momento de alegria acontece em hospital, mas especificamente no Hospital São Vicente de Paulo (HSVP) de Passo Fundo, sala de descanso, onde são realizadas as sessões de Terapia Assistida por Animais, também conhecida como Pet Terapia.  Maria Clara que realiza tratamento oncológico aguardava ansiosa pelo dia em que teria sessão. Em casa ela tem três cachorros e durante a internação sente muita falta deles.

Filó, a Pet Terapeuta ganha carinho de Maria e retribui amenizando dores, saudade e durante aquela uma hora de sessão de Pet, faz ela esquecer um pouco do tratamento, internação e a falta de casa. “Quando soube que tinha as sessões de pet eu já quis fazer. Aguardei ansiosa o médico me liberar e hoje posso receber esse carinho quando fico internada”, conta Maria Clara. A mãe Ana Maria Miglioranza conta que as sessões fazem muito bem para filha, já que trazem a lembrança do carinho dos animais que ela tem em casa.

A Pet Terapia é realizada na instituição desde 2016, pela Residência Multiprofissional Integrada em Saúde do Idoso e Atenção ao Câncer, promovida pelo HSVP, Universidade de Passo Fundo (UPF) e Prefeitura Municipal de Passo Fundo, e a Residência Profissional Integrada em Medicina Veterinária da UPF. As sessões de Pet acontecem duas vezes por semana, com pacientes infantis e idosos, que estão internados há mais tempo, com indicação médica e multiprofissional para o tratamento. As sessões têm como objetivo o alívio da dor através de um momento lúdico e humanizado. Cada sessão tem duração aproximada de uma hora por paciente. Antes e depois da sessão os sinais vitais do paciente são aferidos e registrados.

Os residentes multiprofissionais explicam que, os pet terapeutas são animais de estimação, normalmente um cachorro, mas pode ser um porquinho da índia, papagaio, gato ou coelho, que após ser indicado pelo tutor, passa por uma avaliação comportamental realizada pelos médicos veterinários e por uma série de exames que atestam sua saúde “Os terapeutas são acompanhados durante todas as sessões pelos veterinários”, esclarecem, destacando que os  tutores, proprietários dos pets, voluntariam seus animais para serem terapeutas. “Eles não recebem nenhuma ajuda de custo e todo banho pré-sessão é custeado por eles. Qualquer pessoa pode voluntariar o seu pet para ser terapeuta”.

Toda quarta e sexta-feira, os terapeutas vem para o hospital acompanhados dos Veterinários e os residentes multiprofissionais levam os pacientes para a sessão. Muitos ficam ansiosos pela chegada desse momento, pedem para participar da sessão da Pet e assim como Maria Clara, desfrutam daquele momento descontraído e lúdico.

 

Dr. Guilherme e Dr. Thor, dois especialistas em ação no HSVP

Dr. Guilherme Krahl é cirurgião cardíaco, sua história no Hospital São Vicente começou em 1995 quando realizou seu estágio. Em 1999 ele saiu para fazer Residência Médica, retornou em 2003 e desde então, atende a muitos pacientes diariamente na instituição. Dr.Thor chegou a menos tempo no hospital, mas também já é reconhecido pelo seu trabalho. Thor é o Deus do Trovão, mas, Dr.  Thor morre de medo dos trovões. Ele é pet terapeuta e atende os pacientes no Hospital São Vicente duas vezes por semana.

Mas você deve estar se perguntando, qual a relação do Dr. Guilherme e Dr. Thor? O pet terapeuta é “filho” do cirurgião. Segue os passos do “pai” e também tem como missão ajudar as pessoas. “Meu amigão foi um presente, já tinha cerca de um ano e meio quando seus antigos tutores nos confiaram o Thor. O Thor se juntou a nossa família e hoje é um filho. Brincalhão e fiel, sempre alegre tentando nos orgulhar, quer acertar, fazer tudo direitinho, quer risos e carinhos, este é o Thor em nossa casa”, conta Dr. Guilherme, evidenciando ainda o seu potencial em ajudar o próximo. “Vimos nele, como muitos viram em seus pequenos amigos, um gentil companheiro que não mediria esforços para ajudar quem quer que fosse. A alma deles é iluminada, vieram para nos alegrar”.

O médico conta que vive o dia-a-dia no hospital como cirurgião e também já foi paciente. “Sei muito sobre a angústia de quem sofre internado, por mais que bem cuidados pelos médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, e outros tantos profissionais, os pacientes sofrem e sentem falta de algo mais. Uma risada inesperada, um carinho de surpresa, é aí que entra o Dr.Thor, “PhD em tudo de bom”, e seus colegas pet terapeutas”!

Assim como vários outros animais, Thor comparece bem limpo, de banho tomado, vacinado, com os exames veterinários em dia. “Com seu super crachá, ele vai para o hospital e lá corre, brinca, dá atenção, pega a bolinha e não devolve, e recebe muito carinho dos pacientes. Como ficar melhor? Não sei, acho que todos adoram, meus filhos e minha esposa, que é veterinária, a equipe de veterinários do Hospital Veteronário da UPF, os funcionários do HSVP e os pacientes. Mas, fica melhor sim, Thor adora ir lá e volta todo orgulhoso sabendo que ganhou muito carinho daqueles que precisam tanto do mesmo”, conta carinhosamente o cirurgião, finalizando com uma definição para a Pet Terapia. “Há só uma verdade, não podemos só amar ou sermos amados, o pet terapeuta cumpre esse papel, está lá para dar carinho e deixar receber. Parabéns a todos envolvidos, me orgulho de participar dessa iniciativa”.

 

Foto: Maria Clara e Filó na sessão de Pet Terapia (Assessoria de Comunicação HSVP/Caroline Silvestro)

Foto: Dr. Guilherme cirurgião e Dr.Thor, pet terapeuta (Foto Arquivo Pessoal)

Texto: Assessoria HSVP



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