Segurança no mundo digital – o que você precisa saber


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18 de setembro de 2017

Tempo de Leitura: 5 minutos

Segurança no mundo digital – o que você precisa saber


A internet nos trouxe inúmeros benefícios – mas também oferece alguns perigos caso seu uso seja feito de forma inadequada ou sem os devidos cuidados

Hoje em dia basta uma conexão à internet para que muitas coisas sejam feitas. É possível se comunicar com aqueles amigos ou familiares que estão longe, acompanhar as ações dos seus ídolos preferidos, assistir filmes e séries, comprar coisas, vender coisas, jogar jogos e até mesmo trabalhar a distância.  Essa rede que nos liga ao mundo online é cheia de coisas boas – mas também pode esconder alguns perigos a quem a usa sem a devida atenção. Segundo o Mestre em Ciência da Computação e Professor da Universidade de Passo Fundo, Carlos Adriani Lara Schaeffer, os riscos a que estamos expostos na internet são reais e não virtuais. “Há problemas de exposição excessiva, agressão, difamação, roubo de informação, problemas em transações financeiras, propriedade intelectual e tantos outros. Hoje, nosso modo de vida está altamente dependente do uso de recursos tecnológicos. Nossas informações tem um valor imenso, e na maioria das vezes não conhecemos este valor e importância. A internet, também conhecida como mundo digital, não é um ambiente a parte da nossa vida. Este espaço digital, está presente e interfere em tudo. Portanto, todas as nossas ações nesta plataforma, são reais”, explica.

Em algumas situações específicas uma pessoa pode se sentir lesada por algo que aconteceu na internet. Seja o vazamento de fotos intimas, calúnia, difamação, perfis falsos, roubo de informações, tudo isso é considerado crime na rede e, quando algo acontece, como em qualquer outra situação do mundo real, a indicação é efetuar um registro de ocorrência em uma delegacia. Existe a Delegacia de Repressão aos Crimes Informáticos, que pode ser acessada através do site www.delegaciaonline.rs.gov.br. Existem também algumas legislações específicas para a internet, como a lei de crimes na internet, de 2012 e o Marco Civil da Internet, de 2014, mas é importante que as pessoas tenham noção do que pode ser considerado um crime digital. “Alguns comentários grosseiros ou contrários a sua opinião podem não ser considerados um crime digital passível de punição. Mas, se você se sentir prejudicado, junte toda a informação que julgar necessária e procure a delegacia mais próxima o quanto antes para efetuar o registro”, adverte Schaeffer.

 

Celulares e Whatsapp
O celular que usamos hoje é um computador com melhorias que, consequentemente, tem os mesmos benefícios e defeitos dos computadores. Logo, da mesma forma que vírus podem atacar e danificar um computador, podem fazer o mesmo com um celular. Segundo Schaeffer, os vírus de computadores são um tipo de programa malicioso. Existem outros tipos de programas com ações maliciosas classificados com outros nomes além de vírus. Estes programas tentam se instalar no seu equipamento sem a sua autorização clara, ou seja, utilizam técnicas diversas para enganar o usuário, para que este permita a instalação e execução em sua máquina. “Uma das formas de transmissão de programas maliciosos é através de mensagens que contenham links para locais infectados. Ao clicar nessas mensagens, o usuário acaba, por fim, permitindo a instalação e execução destes programas sem perceber”, destaca. Assim é possível receber vírus através de links em mensagens, que nos levam a acessar sites que contenham conteúdo malicioso.

Como os smartphones são uma espécie de computador portátil pessoal, eles necessitam de um sistema operacional para controlar seus dispositivos e suas aplicações. Assim, como qualquer outro modelo de computador, é bastante difícil mantê-los seguros, tanto quanto a confidencialidade e privacidade, quanto à disponibilidade.
Segundo o professor, alguns sistemas operacionais, mais atuais, tem uma preocupação maior com a segurança da informação, mas, mesmo um aparelho muito bem projetado, se utilizado por alguém descuidado, pode se tornar um problema. “A segurança está diretamente ligada à forma como o usuário utiliza o seu equipamento. A maior fragilidade ainda é o usuário. Os atacantes exploram a inocência, a curiosidade, a ganância, a falta de informação e outras tantas fraquezas humanas. Um aparelho seguro é aquele com um usuário seguro, que instala aplicativos de fonte autêntica, que mantém os programas instalados sempre atualizados e que busca estar sempre bem informado quanto ao mundo digital em que vivemos”, ressalta.

Você sabe o que é criptografia?
Logo que você adiciona um novo número no celular e vai mandar a ele uma mensagem através do Whatsapp, surge na tela um aviso: “As mensagens que você enviar para esta conversa e chamadas agora são protegidas com criptografia de ponta-a-ponta”. E aí vem a pergunta: o que é criptografia? Criptografia é, segundo William Stallings, “o uso de algoritmos matemáticos para transformar os dados em um formato que não seja prontamente decifrável. A transformação e subsequente recuperação dos dados dependem de um algoritmo e zero ou mais chaves de criptografia”. Em outras palavras, a criptografia é uma técnica para embaralhar as informações, evitando que pessoas não autorizadas possam compreender a mensagem. Somente aqueles que possuem a chave para decifrar a mensagem é que poderão ler e compreender. No WhatsApp, a criptografia foi implementada nas versões mais atuais, cifrando a mensagem no próprio aplicativo, antes de enviar aos servidores através da rede. A mensagem somente será decifrada no aplicativo do destinatário, evitando desta forma que possa ser lida por terceiros ou até mesmo pela empresa proprietária da aplicação. “Devido à alguns problemas enfrentados pela empresa que desenvolve o aplicativo, esta resolveu proteger a confidencialidade das informações trocadas entre seus usuários. A forma encontrada foi a criptografia dos dados antes que eles fossem transmitidos pela rede”, esclarece Schaeffer.

Site confiável
Quando bater aquela dúvida se um site é confiável, seja para ler uma notícia ou efetuar uma compra, existem alguns “sinais” que você pode observar para ter certeza. Um deles é verificar se o site usa o protocolo HTTPS, que é um mecanismo de comunicação seguro entre o seu equipamento e o servidor (site que está sendo acessado). A identificação desse protocolo aparece a esquerda, antes do endereço que está sendo acessado. O professor Schaeffer também cita outros indicativos, que podem ser verificados mesmo antes de acessar o site. “Por exemplo, a verificação do endereço do site; acessar conteúdos através da digitação do endereço e não através de um clique em um link recebido por e-mail. Analise o endereço oferecido na mensagem, repouse o cursor sobre o endereço e compare o endereço do texto com o que realmente será acessado. Não seja curioso demais, alguns conteúdos de mensagens são criados apenas para chamar sua atenção. Além disso, procure sempre um lugar com conexão segura para realizar acessos e transações que exigem maiores cuidados”, recomenda. Também vale sempre lembrar que a internet é feita por pessoas, de boa e de má índole. Existem sites autênticos e também os sites criados com conteúdo falso ou maliciosos. A experiência e o conhecimento ajudam bastante na identificação do que é seguro ou do que não é seguro.

Redes sociais e privacidade
É difícil passar algumas horas sem checar as redes sociais, não é mesmo? Estamos sempre acompanhando tudo o que acontece e, é claro, postando algumas coisas nas nossas redes também! Mas é preciso tomar cuidado para que a sua vida não fique exposta demais nas redes. Ao questionarmos ao professor Schaeffer como é possível manter a privacidade nas redes sociais, ele disse que a resposta mais simples seria não ter uma rede social – mas reconhece que esta não é uma resposta aceitável nas condições de relações atuais. “Uma rede social, por sua característica principal, não é um lugar privativo, é um lugar de compartilhamento social. Portanto, aquilo que não deve ser exposto, não deve ser postado, nem em mensagens direcionadas à apenas uma pessoa. Não há garantias de que a outra pessoa não vá compartilhar o seu conteúdo ‘privado’.  O correto é pensar muito bem nas consequências antes de publicar uma informação, seja ela uma foto, um filme, um texto, uma resposta ou qualquer comentário”, alerta.

Projeto Zion
Zion é um projeto ligado ao Programa de Extensão Conexões Tecnológicas da Universidade de Passo Fundo.  Este projeto começou pela observação de alguns professores do curso de Ciência da Computação, sobre os problemas associados a vida digital e a necessidade de levar o conhecimento para a comunidade em geral. “Sabemos todos que o mundo tem problemas em muitas áreas, a convivência digital é apenas mais um desses tantos problemas. Porém, a maioria das pessoas desconhece o potencial positivo e negativo das aplicações digitais. Não iremos deixar de usar estas ferramentas, pelo contrário, teremos um mundo cada vez mais conectado. Em nosso entendimento, a melhor maneira de conviver com os problemas, é ter conhecimento sobre eles. Desta maneira, todos nós poderemos tomar as melhores decisões”, explica o professor. O nome do projeto, Zion, foi escolhido com base na trilogia The Matrix. Zion, no filme, é a última cidade ainda habitada por seres humanos.



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