A importância dos primeiros 1000 dias de vida


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18 de maio de 2020

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A importância dos primeiros 1000 dias de vida


A cirurgiã-dentista Alessandra Rech compartilha a visão odontológica sobre o impacto da dieta no desenvolvimento da criança

Na odontologia baseada em evidência científica já está comprovado que o comportamento alimentar é um elemento crucial no desenvolvimento da doença carie, que tem um único fator causal específico: açúcares livres.

O alto consumo de açúcares livres também está relacionado ao sobrepeso, obesidade e ao diabete tipo 2, em crianças e adultos.

Preferência e adaptação aos sabores

Os primeiros 1000 dias de vida compreendem o período desde a concepção até os 2 anos de idade da criança, sendo 270 dias de gestação + 365 dias do primeiro ano de vida + 365 dias do segundo ano de vida.

A capacidade de perceber sabores inicia ainda no útero e se aperfeiçoa durante o aleitamento materno, pois tanto o líquido amniótico como o leite materno contêm saborizantes e odores derivados da dieta da mãe, moldando as preferências alimentares precocemente.

Neste sentido um estudo observou que a introdução de um estímulo de sabor doce ao líquido amniótico estimulava a deglutição fetal, enquanto outro estudo observou que a introdução de estímulo amargo, inibia a deglutição fetal.

Sabendo-se destes conhecimentos as mulheres em início de gestação e as iniciando o aleitamento materno exclusivo devem ser orientadas em relação a adoção de hábitos alimentares saudáveis, com baixo conteúdo de açúcar, para estimular seus filhos a preferência por sabores diferentes ao açúcar desde o início da vida.

Bebês alimentados com fórmulas nos primeiros meses de vida também mostram preferência por sabores de componentes da fórmula. Lactentes alimentados com fórmula infantil a base de leite de vaca apresentam preferência por cereais doces, salgados e azedos.

As experiências iniciais com sabores podem moldar preferências precoces, além disso também são fortes indicadores de aceitação ou rejeição de alimentos entre crianças e jovens.

Estudos clínicos sugerem que a criança pequena precisa ser exposta a um novo alimento de 6 a 15 vezes antes de observar suas preferências. Os pais e familiares podem restringir o acesso das crianças a alimentos ricos em açúcar, sal e gordura no esforço de diminuir a preferência e ingestão deles. A literatura consultada sugere que as crianças são biologicamente preparadas para preferir alimentos doces, salgados e apetitosos, mas felizmente essas preferências sofrem mudanças e são moldadas de acordo com fatores sociais e econômicos.

Para concluir sugerimos que a gestante tenha alimentação a mais saudável possível, livre de açúcares; ofereça ao seu filho alimentos in natura, frutas, verduras, faça pratos coloridos livres de conservantes, aditivos e, principalmente, livres de açúcar.

Lembre-se você é o que você come… Mantenha a dieta de seu filho livre de açúcares e guloseimas até os dois anos de idade, a saúde agradece!



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