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AAPECAN – Uma jornada de acolhimento e apoio às pessoas com câncer


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19 de agosto de 2025

Tempo de Leitura: 5 minutos

AAPECAN – Uma jornada de acolhimento e apoio às pessoas com câncer


Neste ano, a Aapecan – Associação de Apoio a Pessoas com Câncer comemora 20 anos de atuação no Estado do Rio Grande do Sul. Criada na cidade de Caxias do Sul, a instituição se espalhou pelo estado, contando hoje com 4 unidades de atendimento e 11 casas de apoio – sendo uma delas na cidade de Passo Fundo. Em uma visita à casa, conversamos com o coordenador Guilherme Guido e com alguns usuários que têm suas vidas impactadas por esse trabalho tão importante

Numa manhã de terça-feira, logo antes do almoço, Guilherme chamou Sandra para a sala da psicóloga – mas não era hora da terapia. A Sandra foi chamada para dar uma entrevista e falar sobre a Aapecan. Entrou na sala feliz, com um sorriso no rosto, e nem precisou de pergunta nenhuma para já ir falando: “Aqui é a minha segunda família! Me sinto em casa!”. 

No dia frio, com uma touca na cabeça e uma manta ao redor do pescoço, Sandra nos aqueceu com o seu otimismo ao contar uma história que não era tão feliz assim. Em janeiro, com uma suspeita de câncer, começou o processo de diagnóstico. Em março teve a confirmação: uma neoplasia maligna de colo de útero, uma lesão grande de aproximadamente 8 cm. 

Sandra Fortunatti tem 46 anos e frequenta a Aapecan desde o início do tratamento.

Moradora da cidade de Machadinho/RS, Sandra foi encaminhada para fazer seu tratamento em Passo Fundo. Ao conversar com os motoristas dos transportes de saúde, descobriu que na cidade havia uma casa de apoio para pessoas com câncer. “Vim conhecer e já fiquei na casa na semana da minha quimioterapia, porque não sabia como ia ser, tudo era novidade pra mim. Fui muito bem acolhida aqui, a convivência com o pessoal é muito boa! Não tem clima ruim! Aqui é tudo dez!”, diz com alegria. 

Desde fevereiro, Sandra está afastada do seu trabalho na área financeira de um resort em Machadinho, pois o tratamento exige dedicação total. O início foi em abril, com 6 quimioterapias. Agora o tratamento deve seguir com 27 sessões de radioterapia, de segunda a sexta e, mais tarde, vai para um terceiro tratamento que é a braquiterapia, que será feito em Porto Alegre, pois não há em Passo Fundo. Depois desse período, a avaliação dos médicos vai determinar se Sandra precisará ou não de cirurgia. 

Ela afirma que a Aapecan foi – e está sendo – fundamental para o seu tratamento. Afinal, não é apenas uma casa de apoio, mas uma rede. Quando está aqui não precisa se preocupar com deslocamento, refeições – tudo é oferecido gratuitamente, assim como o acompanhamento psicológico e as oficinas. “Tenho um filho de 20 anos, sou mãe solteira e, no início, não caia a ficha. Eu também não queria abrir muito para ele, para a minha mãe, aguentava muita coisa sozinha. Foi bem difícil. Então conversar com a psicóloga foi maravilhoso pra mim. Também fiz reiki, quero fazer pilares, aula de música, tudo ajuda! Tudo o que é pra cima só favorece! Então já estou participando de tudo dentro dos meus horários”, conta. 

A Aapecan oferece quatro refeições diárias gratuitas aos seus usuários.

Coincidência ou não, naquele mesmo dia da entrevista, Sandra já tinha preparado um texto falando sobre a Aapecan, pois queria divulgar o trabalho dessa instituição, que apesar de estar completando 20 anos de trabalho no estado, ainda não é conhecida por todos. Com o intuito de fazer o mesmo que Sandra, seguimos falando sobre a Aapecan, agora com a voz do Guilherme, que coordena a casa de Passo Fundo.

Ele relata que muitas pessoas chegam até a Aapecan completamente perdidas após saírem do hospital com um diagnóstico. Os hospitais têm feito o encaminhamento para a Aapecan, onde os usuários são cadastrados e avaliados pela assistente social e psicóloga. “A assistente social vai ver quais são as demandas, se a pessoa precisa, por exemplo, de cesta básica, auxílio para as suplementações… mesmo que não precise desse tipo de auxílio, ela pode precisar da psicóloga, pode participar de uma oficina, todos são bem-vindos para participar”, garante. 

Guilherme explica que, muitas vezes, quando a pessoa adoece, acaba perdendo sua renda. Muitos dos usuários são autônomos, então a Aapecan dá o suporte que a pessoa precisa. “Fazemos um trabalho de acompanhamento com os nossos usuários porque a ideia não é que eles venham aqui apenas para retirar algum tipo de benefício. Não somos uma instituição assistencialista, mas uma instituição de assistência social, porque existe uma troca que é a participação. Queremos que o usuário frequente a casa, participe das oficinas, das reuniões informativas e que seja acompanhado pela psicóloga e assistente social”, explica. 

A Casa de Apoio conta com capacidade para 20 pessoas.

Diversas oficinas são oferecidas com o apoio de voluntários, como pintura em pano de prato, crochê, yoga… “As oficinas são oportunidades para aprender coisas novas e passar o tempo de forma produtiva. Muitos usuários até começaram a ter uma nova fonte de renda a partir do que aprenderam nas oficinas. Às vezes eu entro nas salas e vejo o pessoal dando altas gargalhadas. É a coisa mais gostosa de ver, saber que estão se sentindo bem. Essa convivência faz diferença”, diz. 

Em Passo Fundo há 7 anos, a Aapecan está localizada na Rua Padre Valentim, 564, no bairro Lucas Araújo, em uma grande casa de três andares. A Casa tem capacidade para 20 pessoas entre usuários e acompanhantes, e funciona cinco dias por semana, com direito a quatro refeições diárias gratuitas, além de transporte sem custo da Unidade aos locais de tratamento e oficinas. A unidade de Passo Fundo está chegando à marca de mil cadastros, sendo cerca de 250 ativos. A nível de estado o número de pessoas ativas chega a quase 6 mil, o que soma uma média de 240 mil atendimentos anualmente.

Apoio que vem da solidariedade

A Aapecan sobrevive exclusivamente por meio de doações e projetos sociais. Dez funcionários trabalham no setor de captação, entrando em contato com pessoas de toda a região para apresentar o trabalho e pedir doações. Apesar de contar com a ajuda de muitos voluntários, a instituição precisa manter funcionários para que os serviços essenciais sejam mantidos com regularidade, sendo hoje, no total, 23 funcionários. “Mesmo assim, o trabalho dos voluntários também nos ajuda muito, temos atualmente 25 voluntários, também muito comprometidos, e estamos sempre aceitando novos, quanto mais melhor”, comenta. 

Apesar do impacto social do trabalho, a manutenção da casa enfrenta desafios, especialmente com a queda na arrecadação. “Estamos enfrentando uma dificuldade financeira, reflexo do que está acontecendo em todo o país. Outras unidades relataram meses no vermelho, mas nós ainda conseguimos segurar as pontas”, relata Guilherme, enfatizando que entre as despesas também está o aluguel da casa. 

A Aapecan também mantém um banco de perucas, com peças produzidas a partir de doações de cabelo, que podem ser feitas na casa. “Oferecemos o empréstimo das perucas para as usuárias que quiserem. Tentamos levar isso de forma leve. Eu brinco: ‘Vamos trocar de modelito hoje?’ Elas adoram”, conta Guilherme.

Outra forma de arrecadação de recursos é o Brechó da Aapecan, que funciona na própria casa, contando com doações da comunidade e com o trabalho de 15 voluntários, que fazem a organização do espaço. O brechó abre de segunda à sexta-feira, das 13h30 às 16h30 e oferece peças a um preço acessível.

Com o apoio da comunidade e a dedicação de voluntários e funcionários, a Aapecan segue firme em sua missão, iniciada há 20 anos, de cuidar de quem mais precisa com acolhimento, leveza e humanidade.

 

Para saber mais acompanhe o Instagram @aapecan.passofundo
e acesse o site www.aapecan.com.br



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