As cores de setembro


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26 de setembro de 2020

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As cores de setembro


Além das cores que o mês de setembro traz com as flores da primavera, outras surgem com ele na área da saúde. O mês ganha diversas cores que chamam a atenção da população para a prevenção de diferentes doenças, através de campanhas de conscientização. Reunimos na nossa edição de saúde as principais para que você possa se informar – e aqui você também confere a matéria na íntegra. 

Setembro vermelho
O vermelho foi escolhido para representar as doenças cardiovasculares e o mês por ser celebrado no dia 29 o Dia Mundial do Coração. Segundo a médica cardiologista Heloisa Poli, as doenças cardiovasculares são as principais causas de morte em todo o mundo, e, dentre elas, as que mais afetam a população são a hipertensão arterial sistêmica, o infarto agudo do miocárdio, a insuficiência cardíaca (incapacidade do coração em bombear sangue de forma satisfatória para as demais partes do corpo), e as arritmias. Consultas regulares com seu médico cardiologista e hábitos saudáveis são fundamentais para cuidar bem da saúde do coração. “A melhor forma de prevenir essas doenças é através de uma alimentação adequada, que consiste em baixo teor de sal, açúcar e gorduras, maior consumo de frutas e vegetais, cessação do tabagismo, evitar o uso de bebidas alcoólicas, praticar atividade física regular, controlar o peso corporal e fazer o tratamento medicamentoso do diabetes, da hipertensão e da dislipidemia (colesterol e triglicerídeos elevados) quando necessário”, indica Heloisa.

Setembro azul
Setembro é considerado também o mês do deficiente auditivo e é conhecido pela comunidade surda como Setembro Azul. Além de conscientizar a população sobre temas de inclusão dessa comunidade, também se é falado sobre a prevenção da surdez. A fonoaudióloga Maisa Dhein Hobuss destaca que o Teste de Triagem Auditiva Neonatal, também conhecido popularmente como Teste da Orelhinha, é um exame muito importante que tem como objetivo detectar no recém-nascido problemas ou deficiências auditivas. “Esse exame é realizado, de preferência, nos primeiros 30 dias de vida dos recém-nascidos e, como protocolo, pode ser realizado até os 3 anos de vida da criança. É muito importante que todos os recém nascidos realizem esse teste, pois a audição tem grande importância em nossas vidas, tanto no aspecto social, como na aprendizagem e formação intelectual”, comenta. Maisa também aproveita para compartilhar algumas dicas de cuidados para mantermos com a nossa audição:
– Utilizar EPIs (Equipamentos de Proteção Individual) quando exposto a ruídos diários acima de 85dB
– Controlar o nível sonoro dos brinquedos infantis
– Em eventos musicais, evitar exposição direta às caixas de som
– Cuidar o uso excessivo de fones de ouvido (o uso diário deve ser realizado com sons de intensidade máxima de 60dB por até 60 minutos)

Setembro amarelo
A cor amarela foi escolhida para representar a prevenção ao suicídio por causa de um jovem americano chamado Mike Emme, que cometeu suicídio no ano de 1994, aos 17 anos. Ele era muito habilidoso e havia restaurado um automóvel Mustang 68, pintando-o de amarelo. A família e os amigos não perceberam que o jovem sofria de problemas psicológicos e não conseguiram evitar sua morte. Em seu velório foi feita uma cesta com muitos cartões decorados com fitas amarelas. Neles havia a mensagem: “Se você precisar, peça ajuda”. Dessa iniciativa nasceu a campanha que é pautada pelo slogan: “Falar é a melhor solução”, pois falar sobre o suicídio é a melhor forma de prevenção. O médico psiquiatra Jacson Hübner explica que, ao abrimos espaço para esse assunto, as pessoas que tem esse pensamento em mente podem torna-lo reconhecido, expressando-se com liberdade para serem compreendidas e o suicídio evitado. “Quanto mais encobrirmos o tema ou estimular tabus a respeito do suicídio, pior será para quem sofre ou passa por situações que levem a esse tipo de sofrimento”, destaca. Segundo o psiquiatra existem muitos transtornos psicológicos ligados ao suicídio, como o transtorno afetivo bipolar, esquizofrenia, transtorno depressivo, transtornos alimentares e de ansiedade, por isso o auxílio de um profissional é indispensável.

Setembro laranja
A cor laranja chama atenção para o combate à obesidade infantil. Segundo a médica endocrinologista pediátrica Maria Modkovski, a causa mais comum de obesidade em crianças é um saldo energético positivo devido ao consumo calórico em excesso associado a um menor gasto calórico combinado com uma predisposição genética para o ganho de peso. “A maioria das crianças obesas não tem uma causa genética endócrina ou única para seu ganho de peso. A avaliação de crianças com obesidade visa determinar a causa do ganho de peso e avaliar as comorbidades decorrentes do excesso de peso. As crianças obesas apresentam um risco elevado para o surgimento de comorbidades antes consideradas como ‘adultas’, incluindo diabetes mellitus tipo 2, hipertensão, doença hepática gordurosa não alcoólica, apneia obstrutiva do sono e dislipidemia. Os prejuízos psicossociais são comuns, relacionados a  ansiedade, depressão e comprometimento da autoestima. Além da permanência desta doença crônica na adolescência e vida adulta.  Infelizmente, uma grande parte dos adolescentes obesos se tornarão adultos obesos”, pontua Dra. Maria. Para combater a obesidade infantil é necessário fazer intervenções no estilo de vida de toda a família, incluindo modificações alimentares, aumento da atividade física e diminuição do tempo de sedentarismo.

Setembro Dourado
O dourado visa alertar a sociedade sobre a importância de se estar atento aos sinais e sintomas sugestivos do câncer infantojuvenil – uma das principais causas de morte por doença na faixa etária pediátrica. Segundo o médico oncologista Marcelo Cunha Lorenzoni, não existe uma prevenção do câncer infantil, no sentido da palavra de impedir o seu aparecimento (prevenção ou profilaxia primária), já que as neoplasias malignas da infância e adolescência, diferentemente do adulto, ocorrem tipicamente sem exposição cumulativa a fatores de risco conhecidos, como tabaco, álcool, alterações dietéticas, infecção pelo papilomavírus humano (HPV), vistas no adulto. “O sentido de prevenção ou profilaxia, em oncologia pediátrica, vem a partir de quando a doença câncer já está instalada, vindo em duas linhas: a da prevenção secundária, que é conceituada no diagnóstico e tratamento precoce; e a prevenção terciária, quando a doença já está em estágios muito avançados, em que se tem mais importância a limitação do dano e cuidados de suporte, em que a curabilidade muitas vezes já não é mais possível. Voltando ao aspecto prevenção secundária, é fundamental que os pais ou responsáveis pela criança ou adolescente estejam atentos a sinais e sintomas que possam estar abrindo uma patologia oncológica. Entre elas, destacam-se perda de peso substancial, inapetência, perda de interesse em brincar, baixa do rendimento escolar, dores no corpo ou em algum lugar específico, cefaleia, febre, manchas roxas no corpo, nódulos. Na frente de qualquer um desses achados, é importante levar a criança a uma avaliação médica, de preferência o pediatra, para que se investigue o quadro”, alerta.  O tratamento precoce faz com que haja menos acometimento orgânico e, consequentemente, menos complicações decorrentes do tumor ou leucemia, influindo positivamente na possibilidade de cura.

Setembro verde
A cor verde é usada para dois diferentes temas: a prevenção ao câncer colorretal e a conscientização para a doação de órgãos. O primeiro tema é assunto da matéria feita com os médicos coloproctologistas Fabiano Schirmbeck e Milton Bergamo, da Proctoclin (que você pode conferir aqui). Sobre a doação de órgãos, a médica nefrologista Fabiana Piovesan destaca que quando existem campanhas vinculadas em meios de comunicação as doações de órgãos aumentam, porém, quando terminam, as doações voltam a cair. “A doação é um ato muito democrático uma vez que normalmente nos perguntamos se seremos ou não doadores, mas também deveríamos nos perguntar se seríamos ou não receptores. Nunca sabemos de qual lado poderemos estar. Para nos tornarmos doadores é necessário a comunicação da família, pois sem autorização familiar não ocorrerá a doação”, alega.

 

 



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