Transformando pesquisa em arte: projeto da UPF sobre narrativas de crianças na pandemia é exposto na Gare


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5 de julho de 2022

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Transformando pesquisa em arte: projeto da UPF sobre narrativas de crianças na pandemia é exposto na Gare


Com apoio da prefeitura de Passo Fundo e da Fapergs, pesquisa do Programa de Pós-Graduação em Letras se aproxima da comunidade por meio de produções artísticas

Não há quem, durante a infância, não tenha criado a sua própria linguagem, a sua forma de se comunicar. Seja por gestos ou por palavras que apenas para você faziam sentido, a mensagem encontrava um modo de ser entregue ao seu destinatário. Em pouco tempo, a criança que ouvia atentamente, transforma-se em contadora de histórias e, a partir daí, apresenta o seu mundo mágico para quem a rodeia. 

Durante a pandemia de Covid-19, esse processo pôde ser assistido ainda mais de perto devido à quarentena. É sobre ele que a exposição “Narrativas de crianças na pandemia: Discursos que reinventam o mundo” conta. Vinculado ao Programa de Pós-graduação em Letras  da Universidade de Passo Fundo (PPGL/UPF), o projeto de pesquisa “A narrativa da criança no contexto da pandemia de Covid-19: deslocamentos no simbólico da linguagem”, busca compreender a constituição da criança no simbólico da linguagem e como os sentidos são construídos com base em analogias.

A partir de vídeos encaminhados pelos familiares, as histórias de crianças de 3 a 6 anos de idade tornaram-se objeto de estudo do projeto. E, agora, peças artísticas que estão expostas na Galeria Estação da Arte da Gare em Passo Fundo desde sábado, 2 de julho. Com apoio da prefeitura do município e auxílio financeiro da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio Grande do Sul (Fapergs), o trabalho foi realizado pela equipe multidisciplinar formada pela coordenadora do projeto, professora Dra. Marlete Diedrich; a acadêmica de Design Gráfico da UPF Gabriela Dornelles; a artista Alice Porto, além de contar com curadoria da, também artista, Margarida Pantaleão. 

Aproximando a ciência
Ao ler os textos escritos em tecidos pendurados pelas paredes, a comunidade é convidada a conhecer e interagir com a pesquisa científica, lembrando que esta está mais próxima do que muitos acreditam. Para a professora Dra. Marlete, é uma experiência riquíssima. “Por aqui, divulgamos os resultados para o público e, desta forma, eles descobrem que não precisa ser um estudioso, alguém da área da linguagem, para entender e acessar os resultados. Elas estão nas narrativas expostas e podem ser lidas até em tecidos esvoaçantes”, aponta. 

Seja por meio da história contada por Anita, 3 anos, falando sobre como a sua mãe fez carinho na borboleta e logo após ela voou para outra pessoa, ou na de Sophia, 6 anos, reivindicando a sua própria batalha a favor da salsicha, os visitantes conhecem também um pouco mais sobre a arte da palavra. “Temos ouvido muitas pessoas que nem conheciam o espaço ficarem impressionadas com ele. Então, isso nos dá uma dupla realização: o apreço por um lugar que é de todos e pelo trabalho que não é só meu, mas de uma grande equipe responsável, também, por produzir arte, a arte da palavra”, ressaltou a professora. 

A exposição continuará até 17 de julho. O Espaço é aberto ao público das 16h às 19h, nas sextas-feiras, sábados e domingos. Segundo Marlete, ver a pesquisa ganhando espaço é de extrema importância. “Infelizmente, sabemos que no nosso país fazer ciência é um desafio. Mas, com o apoio da Fapergs e da Universidade de Passo Fundo, uma instituição de ensino que investe tanto na pesquisa, conseguimos ver o nosso projeto sair do papel. É um momento transformador!”, conta.

Pintando narrativas
Acadêmica do III nível do curso de Design Gráfico da UPF, a estudante Gabriela Dornelles foi a responsável pela transformação da pesquisa em artes gráficas. Emocionada, conta que, mesmo sendo um trabalho em partes solitário, também expandiu seus conhecimentos e possibilitou inúmeras trocas. “Foi muito rica essa experiência, pude conhecer as narrativas que são tão interessantes e trabalhar com elas. Além disso, aprender com a professora e ter essa troca gigantesca com a Alice me trouxe vários ensinamentos”, ressalta a acadêmica, que também diagramou um livro com os resultados. 

 

 

Fotos: Tainá Binelo



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