O CAMINHO MAIS FÁCIL
Pelo que temos visto diariamente, de forma tão intensa e tão difundida, a moralidade está mesmo com os dias contados. Atos imorais não são exclusivos desse tempo, sempre existiram, mas o que se percebe é que eles se tornaram quase a regra, e não a exceção.
É mais fácil galgar posições e obter vantagens oferecendo favores luxuriosos do que fazer um bom trabalho. É mais fácil passar de ano e até ganhar um diploma empurrando com a barriga do que estudando. É mais fácil construir alguma coisa na vida roubando, mentindo, desviando e corrompendo do que trabalhando. É mais fácil descartar um relacionamento com problemas do que consertá-lo.
Sem dúvida é difícil viver em um mundo onde mesmo que você se esforce muito, muitas vezes, não vai alcançar o resultado almejado. É injusto, em boa parte do tempo. Mas será que as pessoas que pegam o caminho mais fácil são felizes? Dormem sossegadas? Conseguem ter paz em algum momento, sabendo que a qualquer minuto sua sorte pode mudar já que não andam de mãos dadas com a moralidade e até mesmo com a legalidade? Acho que não.
Mais injusto ainda é ver que, todos os dias, pessoas que escolhem o lado moral e legal são passadas para trás por quem fez uma opção diferente. Sim, isso acontece o tempo todo. O que anda na linha, faz o bom trabalho, estuda, se esforça, conserta ao invés de descartar, nem sempre é recompensado. Nem sempre é valorizado. E em alguns casos pode ser até injustiçado. Esse é o jogo da vida.
Só que é interessante notar como a vida tem um jeito muito peculiar de acomodar cada coisa em seu lugar. Quem escolheu o caminho mais fácil pode ser obrigado pelas circunstâncias a retroceder algumas casas – e isso quase nunca é agradável.
Gostaria de poder dizer que o caminho mais difícil sempre traz recompensas imediatas, mas isso não é verdade. Algumas recompensas demoram a chegar e demandam empenho dobrado. Porém sempre chegam. É sempre recompensador fazer o que é correto, mesmo que tudo ao redor indique que não. E a maior recompensa é a consciência tranquila, sem dúvida.
Estamos no fim de mais um ano – e que ano! Mais uma vez dois caminhos se abrem diante de nós e temos a oportunidade de fazer uma nova escolha. Em 2016 tivemos diversos exemplos do que pode acontecer com quem rejeita o caminho difícil. Por um tempo é possível desfrutar de regalias tentadoras. Mas no final de tudo, quando as cortinas subirem, ninguém vai querer estar nu em frente ao palco. Porque para quem escolhe o caminho mais fácil, a vergonha é a única certeza de companhia.
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