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SER INDIVIDUAL, SER SOCIAL, SER COMUNITÁRIO, SER CONSUMISTA


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18 de novembro de 2015

Tempo de Leitura: 3 minutos

SER INDIVIDUAL, SER SOCIAL, SER COMUNITÁRIO, SER CONSUMISTA


Freud aludiu sobre a existência de uma conexão entre a Psicologia Individual e a Social. Lacan sustentava que o inconsciente é individual, porém nele há uma incidência do discurso social sobre cada sujeito. A Psicanálise vincular convida a pensar sobre a configuração dos entre permitindo a saída da Lógica do Eu para ressaltar a ideia de uma singularidade múltipla, surgindo assim à abordagem de casais, grupos e famílias. Nesta nova visão, fenomenológica e situacional, tornou-se possível modificar realidades existentes dando possibilidade de embaralhar as cartas e as distribuir para abrir e iniciar um jogo diferente.

Em toda abordagem psicanalítica, um dos eixos do tratamento é a capacidade do psicoterapeuta ou psicanalista hospedar a alteridade e o alheio do outro/Outro (próprio inconsciente e inconsciente do paciente). Inerente ao ser humano é estar obrigado a se construir a si mesmo pelo caminho da alteridade do outro. No início da vida se faz sobre o outro, momento em que a preocupação maior é consigo mesmo e não com o outro. Neste estágio primitivo narcisista, a resistência à frustração é tão baixa que o sujeito efetua ataques ao vínculo desembocando em agressão, competição, chantagem, mentira.

É desta forma que nos constituímos, buscando o prazer, evitando o desprazer, com baixa tolerância a frustração, com maior preocupação consigo próprio e quase nada com o outro.

Aqueles que conseguem amadurecer finalmente compreendem que o sol nasce para todos, que para ter bem-estar, precisa do bem-estar do outro em forma de troca, nada mais nobre.

No entanto, vivemos uma época dita narcisista dentro de uma cultura em que laços sociais se quebram em prol da felicidade individual e sabemos que, de maneira simplificada, quando a exigência de mais prazer exagera, acaba por matar todo o prazer.

Tarefa difícil consiste em delinear o que são sintomas individuais, o que é sintoma, o que é padrão cultural, o que é sintoma cultural. Pode-se partir do entendimento de que sintoma é um aspecto prejudicial na economia psíquica do sujeito, como se fosse uma energia mal direcionada ou distribuída desmedidamente. Desta forma, afirma-se que parte de nosso comportamento sempre será sintomático e parte não.

Em nossa cultura, o sintoma pode ser visto no encanto do discurso capitalista, o qual dá uma falsa ideia de que ter é ser consistente, seria uma espécie de crença imaginária que falseia uma autoestima ótima. Exatamente esse é o ponto nodal, a maioria das pessoas não está se dando conta de que a superficialidade como vivem suas vidas em nome do prazer de um consumo sem crítica e isso acaba por gerar um empobrecimento da subjetividade na medida em que essa se ampara em outros valores, mais humanos e comunitários, mais ligada ao ser do que o ter.

É preciso fazer um enorme esforço para não ir comprando tudo que se vê, sem analisar se é ou quanto é necessário das ofertas do mercado. E quando não conseguir comprar, difícil não ficar frustrado e seguir frustrado pela não realização do desejo. A tendência é parecer aos olhos do grupo social, sempre bem e alegres pelas compras. Os “não consumistas” seja por falta de dinheiro ou porque não julgam necessário, tendem a se sentir inferiores ou no mínimo diferentes, senão excluídos.

Enquanto escrevo este texto sei que milhões de propagandas seduzem os olhos e os sentidos de uma grande massa. Sabe-se que à vivência da sexualidade, do amor, dos valores, do trabalho se guiam por essas influências consumistas de forma taxativa. E tudo isso ter repercussão no trabalho dentro da clínica psicanalítica (seja ela individual, de família, casal ou grupo) visto através das queixas e sintomas dos pacientes, como a depressão, síndrome do pânico, angústia e outros.

 

Imagem: Obra “Operários”, de Tarsila do Amaral



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