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ALIANÇA TERAPÊUTICA


Matérias do autor


28 de outubro de 2015

Tempo de Leitura: 3 minutos

ALIANÇA TERAPÊUTICA


O estabelecimento da aliança terapêutica é um dos pilares fundamentais que irá sustentar todo o processo de tratamento psicanalítico. O paciente necessita sentir-se seguro e amparado.

Segundo o psicanalista Cristhopher Bollas, o conceito de aliança terapêutica é importante na medida em que constitui num movimento rumo à cooperação do paciente, que virá com ímpetos de gratificação, porém ao mesmo tempo, com a necessidade de postergação, insight e compreensão para superar os seus sintomas. O paciente quer seus problemas resolvidos imediatamente, mas não é assim que funciona.

A aliança terapêutica irá basear-se na disposição do paciente para um trabalho de elaboração psíquica, exigindo por parte do paciente uma entrega, cabendo ao analista, proporcionar um ambiente de “holding”, que contém e dá continência aos aspectos infantis, ilógicos, angustiantes do paciente. A entrega se dá um em relação ao outro.

A aliança terapêutica é comparada com a aliança entre a mãe e o bebê, que desde o útero e em grau variável, é transferida ao espaço analítico na medida em que é uma experiência semelhante de estar sendo contido pelo corpo e psique do outro, numa situação de desamparo.

A aliança terapêutica é o reconhecimento mútuo e o uso pelo paciente e pelo analista de um procedimento que implica um terceiro objeto: paciente, analista, processo analítico. Neste procedimento, o paciente agirá  conforme foram suas alianças precoces.

A partir do prisma do psicanalista R. H. Etchegoyen, a aliança de trabalho é estabelecida com base numa experiência prévia na qual foi possível trabalhar com outra pessoa, como o bebê com o seio da mãe, remetendo-nos as fontes. Implica numa colaboração do paciente que nem sempre é consciente, mas é uma espécie de padrão de comportamento que difere da transferência, que exige entendimento e interpretação. O bom trabalho da transferência auxilia a manter a aliança terapêutica, embora sejam diferentes.

De acordo com o psicanalista R.R. Greensono real pode ser no sentido de realista, o não distorcido e em outro sentido, pode ser considerado como o genuíno, autêntico, verdadeiro (ao contrário de artificial, sintético ou simulado).

“Tanto no paciente como no analista, as reações transferenciais são irreais e inadequadas, mas são genuínas, são verdadeiramente sentidas. Em ambos, a aliança de trabalho é realista e adequada, mas é um artifício da situação de tratamento.”

Os traços negativos de um analista podem criar reações realistas no paciente que impedem um tratamento psicanalítico bem sucedido. O analista pode errar e prejudicar a aliança terapêutica.

O paciente pode captar um comportamento do analista como prejudicial à formação de uma aliança terapêutica, como um distanciamento exagerado ou hostil, medo de envolvimento contratransferencial, privações supérfluas ou exageradas, erros de técnica detectados pelo paciente. “Tal comportamento por parte do analista vai provocar uma desconfiança justificável que se pode tornar não analisável e levar a uma submissão impossível de ser tratada ou à interrupção do tratamento.”

O autor defende que quando percebemos um erro, devemos admitir. Porém, admitir um erro não significa falar e explicar e usar o tempo do paciente para isso.

Os sentimentos genuínos e respeito pelo sofrimento do paciente auxiliam a aliança de trabalho, porém reações contratransferenciais do profissional sejam agressivas, realistas, artificiais devem ser controladas e conscientes pelo mesmo. No processo de análise, a maior parte do tempo o paciente transfere, a contratransferência do analista (seus próprios sentimentos e pensamentos) deve ficar em segundo plano e o relacionamento real fica mais livre somente na fase final.

Por tudo que foi exposto, o preparo do profissional para o estabelecimento de uma adequada aliança com o paciente se dá através do estudo contínuo e interminável e da realização de sua própria análise pessoal. O campo que envolve o tratamento psicanalítico é complexo exigindo muita habilidade intrasubjetiva e intersubjetiva, conhecimento teórico, técnico e clínico.



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