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ATAQUE DE PÂNICO SOB O PRISMA PSICANALÍTICO


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24 de agosto de 2015

Tempo de Leitura: 3 minutos

ATAQUE DE PÂNICO SOB O PRISMA PSICANALÍTICO


Uma das doenças da “época” parece corresponder ao que antigamente era conhecido como ataque de angústia e que hoje se chama ataque de pânico. Este constitui uma insuficiência na elaboração psíquica de uma soma de excitações, tornando-se uma experiência traumática. Caracteriza-se por um predomínio de angústia massiva, de forma que os componentes somáticos (manifestos no corpo) se tornam protagonistas por si só e sem que haja um objeto de medo identificado (não existe um motivo aparente e compreensível). No pano de fundo há um mecanismo fóbico transformado no medo da morte acompanhado de mal estar respiratório e cardíaco, com aumento de pressão arterial.

A fobia pode-se entender como sendo um depósito e substituto de uma angústia sem nome, como um modo de manejar com o perigo e construir limites que defendam a subjetividade quando o desejo do outro e o próprio, são vivenciados como perigosos. Para explicar melhor, pode-se afirmar que nas fobias infantis, diante de uma falha na autoridade, uma criança poderá, através do objeto que provoca medo (aranha, cachorro, monstros etc.), precisar suprir uma falha paterna para se proteger de ficar capturada apenas no desejo materno (porque isso é não poder evoluir). Isso acontece, por exemplo, quando um pai real existe, mas não tem força para separar mãe e filho, e/ou quando a mãe não consegue permitir a entrada de um terceiro elemento na dupla, a fim de instaurar a lei simbólica no psiquismo, que é a que conduz a maturação psíquica. Isso poderá ser sentido pela criança como insuficiência e impotência dos adultos, que não conseguem ajuda-la a conter seus desejos e fantasias infantis, organizando seu psiquismo de maneira a lidar com amor, ódio, curiosidades sexuais.

Para o leitor é importante à compreensão de que no coração de uma fobia existe sempre um conflito mal resolvido, uma comoção despertada pela sensação de debilidade frente a uma realidade que aparece como demasiado exigente e devoradora. Pode ser uma inadequação do manejo dos afetos, o excesso de erotização nos vínculos familiares e a debilidade paterna, que atentam contra a possibilidade de um desenvolvimento saudável.

 

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Assim, pode-se concluir que inicialmente como criança e depois como adulto, o pânico está ligado às fobias e estas estão vinculadas a própria sexualidade, percebida como um perigoso impulso que ao não conseguir dominar reprime de forma intensa. Acontece que os impulsos reprimidos continuarão ativos e se expressarão em forma de sintomas, provocando angústia.  O verdadeiro medo é o de liberar esses impulsos reprimidos e se descontrolar pela falha de ter tido o “outro” suficientemente capaz na infância que a auxiliasse nisso, e por essa razão não aprendeu. Em todos os casos que observei em minha prática clínica, percebi a existência de falhas parentais (algum tipo de desequilíbrio no meio circundante adulto) seja por falta de tempo, negligência, indiferença, excesso de agressividade ou de estímulos eróticos (muita exposição).

Desta forma, o fóbico se trava para o crescimento e conquistas porque está preso a uma realidade fantasma que o detém: medo de sair na rua, medo de avião, medo da morte, medo de acidentes e tantos outros. Porém enquanto não se analisar não conseguirá compreender os verdadeiros motivos que se encontram por trás dos seus sintomas.

O trabalho psicanalítico será o de incrementar os recursos simbólicos do paciente que viabilizem uma reestruturação emocional através da elaboração de culpas e proibições, promovendo a construção de um novo manejo de seus impulsos e afetos. Quando o paciente atingir um equilíbrio sobre a forma de expressão dos desejos e afetos bem como sobre os meios de realiza-los dentro de determinadas delimitações culturais e sociais, seus temores diminuirão de forma considerável ou diluirão.

Por esta razão, a indicação da psicoterapia psicanalítica é muito pertinente na busca do equilíbrio emocional tão necessário aos quadros que envolvem pânico e, na maioria dos casos, conjuntamente com o uso de medicação.

Quem já passou por ataques de pânico e por um processo psicoterápico psicanalítico entenderá bem esse texto.

 



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