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Quanto você realmente enxerga?


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22 de outubro de 2015

Tempo de Leitura: 2 minutos

Quanto você realmente enxerga?


Meu pai estava me contando sobre uma cirurgia que vai ter que fazer nos olhos para retirar a catarata e colocar uma lente permanente. Ele me relatou que a visão de um dos olhos está 30% comprometida. Ou seja, ele realmente enxerga apenas 70% daquilo que vê com aquele olho.

Fiquei pensando em como é isso aplicado à vida da gente. Quanto será que realmente enxergamos daquilo que vemos todos os dias? Muito se fala em invisibilidade social, quando se pensa em moradores de rua, garis, trabalhadores braçais, pessoas em situação de vulnerabilidade. E de fato, a maioria dessas pessoas é mesmo invisível dentro da sociedade de consumo, porque consome muito pouco, com o pouco que ganha.

Mas há pessoas ainda mais próximas da nossa convivência, que também enxergamos pouco, apesar de vermos todos os dias. Pessoas que classificamos em uma tabela de valores financeiros e que acabamos por enxergar de maneira distorcida.

Como você trata, por exemplo, os colaboradores da sua empresa? Os colegas que ganham menos do que você? Aqueles que fazem serviços que você considera inferiores? Como você percebe aqueles que prestam serviços a você?

Vivemos em um momento em que não cabe mais uma relação de trabalho onde existam patrões e empregados. Muitas das grandes empresas, aquelas que obtiveram sucesso em seus segmentos e que faturam milhões ou bilhões por ano são as que entenderam o significado de “todos somos iguais” e que conseguem fazer com que todos se sintam assim dentro dela.

Embora as pessoas sejam descartáveis do ponto de vista das relações de trabalho, em função da concorrência e da falta de vagas em quase todos os setores, também não está tão fácil assim encontrar bons seres humanos, do ponto de vista que considera a índole. Você pode substituir facilmente um cargo técnico, mas encontrar pessoas que cultivem a honestidade, a fidelidade, a lealdade e que possam de fato fazer a empresa crescer, não será tão simples assim.

 

Ver é algo que fazemos automaticamente e que não exige muito de nós, além de boa saúde ocular. Mas enxergar demanda esforço e percepção e isso, nem todo mundo tem. Enxergar é ter a convicção de que o dinheiro não faz ninguém melhor ou pior e que não consegue comprar aquilo que há de mais genuíno, que é a sua essência. Você consegue mudar a sua aparência com intervenções estéticas e banhos de loja, mas não vai conseguir mudar quem você é, se não aprender a enxergar as pessoas como elas realmente são, independente de quanto dinheiro tenham.

Agora é moda falar em um mundo sustentável, em cuidados com o meio ambiente, em deixar um mundo melhor para as futuras gerações. Mas acho que essa conscientização deveria ser inversa e começar por uma limpeza de dentro para fora. Se a gente conseguir mudar nossa forma de enxergar o outro, de tratar o outro, então nossa consciência ambiental também vai se ampliar, porque não vou querer um mundo melhor apenas para mim. E se todos pensarem assim, a coisa toma proporções globais.

Já vi pessoas contarem que só começaram a considerar os outros como iguais a si, depois de passar por uma experiência dolorosa, uma doença, um luto, uma perda irreparável. E, via de regra, a dor é mesmo um colírio poderoso. Mas que a gente não precise disso para entender que no final de tudo, todo mundo é mesmo igual, já que o preço do caixão não altera o processo que ocorre lá dentro.



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