A salvação está na lavoura – por que essa frase faz tanto sentido nos dias de hoje?


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4 de agosto de 2017

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A salvação está na lavoura – por que essa frase faz tanto sentido nos dias de hoje?


Em um momento de economia instável e de incertezas sobre o futuro, o setor do agronegócio prospera no Brasil e também na nossa região. Entenda porquê

A economia do Brasil não tem vivido em seus melhores dias desde 2016, quando o país entrou em uma recessão que afetou todos os setores do mercado. A insegurança tornou-se um sentimento presente no dia a dia de trabalho, mas não paralisou quem buscava se manter em pé durante este momento. Dos setores que fazem a roda da economia girar, o agronegócio brasileiro corresponde a aproximadamente 35% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional e 40,3% das exportações brasileiras, segundo dados divulgados pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea).

O agronegócio não se limita apenas à agricultura e à pecuária, pois nele estão incluídas também as atividades desenvolvidas pelos fornecedores de insumos e sementes, equipamentos e serviços. Segundo o Engenheiro Agrônomo, Coordenador Técnico de Validação da Cotrijal, Fernando Geraldo Martins, a frase que dá título a essa reportagem deve ser encarada como uma realidade nos dias de hoje. “Se não fosse a atividade agrícola desenvolvida no país, com certeza a balança comercial estaria em sérias dificuldades tendo em vista o desempenho deste setor em todos os segmentos da sociedade”, explica.

Também é preciso lembrar que as projeções para o crescimento populacional mundial são grandes. Como alimentar toda esta população que cada vez mais se alimenta e consome produtos de origem vegetal e animal? A única resposta converge ao agronegócio. Alguns países estão no limite do uso da capacidade de ocupação das terras férteis e não conseguem aumentar a quantidade produzida de alimentos no mesmo nível que outras épocas. Logo, países com disponibilidade de áreas cultiváveis terão papel importante na oferta de alimentos para saciar a fome da humanidade.

Segundo o Doutor em Economia Aplicada e professor da Universidade de Passo Fundo, Julcemar Bruno Zilli, o Brasil está na vanguarda entre esses países, visto que apresenta grande quantidade de terra fértil que ainda não está sendo explorada, podendo expandir suas fronteiras agrícolas. Estudos apontam que há algo próximo a 200 milhões de hectares de terras agricultáveis fora de áreas de preservação ou com relevo a serem plantadas no Brasil, sendo a maior área mundial. “Assim, espera-se e cogita-se que o país será o ‘celeiro’ do mundo por apresentar enorme potencial de crescimento na sua produção. Para que as perspectivas se concretizem as autoridades públicas devem olhar para o setor com olhar empresarial, buscando disponibilizar os principais mecanismos necessários para que ocorra o aumento da produtividade, melhorando a renda dos trabalhadores e proprietários rurais como forma de mantê-los no meio rural e evitar o êxodo rural e, consequentemente, a concentração das terras na mão dos latifundiários”, ressalta.

A produção na região

Segundo Julcemar, o setor agropecuário do Rio Grande do Sul representa, aproximadamente, 12% de toda a produção brasileiro do setor. O Estado, pelas estimativas da Conab, plantou uma área relativa a 5,4 milhões de hectares com uma produtividade média de 54,3 sacas/há, com uma produção estimada de 18,5 milhões de toneladas de grãos, uma das mais significativas das últimas safras agrícolas. Na região norte do Estado, segundo Fernando, os produtores alcançaram uma produtividade ainda acima desta média estadual. “Na avaliação que podemos fazer da safra, pode-se afirmar que tudo transcorreu de forma surpreendente, visto que as projeções iniciais indicavam uma adversidade climática severa determinada pelo fenômeno La Nina, mas que não se verificou, apresentando distribuição e volumes de chuvas acima das médias regionais, o que contribuiu para um bom desenvolvimento e evolução da cultura no campo”, destaca o engenheiro agrônomo.

Para a economia da região e do estado, o desempenho da agropecuária na região Norte torna-se decisiva na explicação da evolução da economia do Estado. “Tem-se verificado nos últimos 11 anos que em 10 deles vigorou a máxima de que, quando o produto da agropecuária nas diferentes regiões do estado cresce acima da taxa do PIB gaúcho, o PIB do Estado cresce acima do PIB brasileiro, e, quando ocorre o contrário, o PIB do RS expande-se menos que o nacional”, explica Julcemar.

Os próximos meses

Estamos agora na fase inicial do desenvolvimento das culturas de inverno, que foram severamente prejudicadas pelas chuvas que impediram as semeaduras iniciais previstas. Foram registrados volumes de chuva três vezes maior do que o previsto para as médias históricas que causaram problemas também na conservação dos solos, como a volta da erosão e assoreamento de mananciais hídricos. Porém, para a safra de verão as expectativas são de manutenção de área produtiva, até porque, como pontua Fernando, é na soja que os produtores alcançam seus maiores rendimentos e retorno econômico das suas propriedades por sua versatilidade comercial.

A soja em números

Analisando a maior cultura de produção de grãos no cenário mundial agrícola que é a soja, as estimativas realizadas pela AGE indicam uma produção brasileira de 80,9 milhões de toneladas de soja em 2018/2019.  As exportações de soja podem chegar a 36,5 milhões de toneladas. A taxa anual projetada para a exportação de soja em grão é de 3,1%. Os resultados obtidos mostram que a exportação de soja brasileira deve representar no período final das projeções, 40% do comércio mundial.



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