Exposição sobre a cultura indígena de Carazinho inaugura no Museu Olívio Otto


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1 de novembro de 2016

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Exposição sobre a cultura indígena de Carazinho inaugura no Museu Olívio Otto


A exposição que retrata a vida da Comunidade Indígena Váycupry vai ficar no museu até janeiro de 2017

A palavra em kaingang “Kãgran” significa retrato e por isso dá nome a exposição temporária do Museu Olívio Otto, que retrata através de fotografias e artefatos do acervo do Museu a vida da Comunidade indígena Váycupry de Carazinho. A exposição foi criada por Bruna Anacleto, professora de história, e Felipe Granville, fotógrafo responsável pelas fotos. O projeto desenvolvido por eles concorreu neste ano ao prêmio Educador Nota 10, ficando entre os 50 finalistas do Brasil (relembre aqui), e se concretizou com a exposição deste trabalho no Museu Olívio Otto, onde ficará até janeiro de 2017. “Depois o projeto vai se tornar uma mostra itinerante, onde as escolas vão poder solicitar todo o material que a gente produziu, tanto as fotos quanto o documentário que a gente está produzindo”, explica Bruna. Segundo ela, a comunidade se motivou muito a partir deste trabalho realizado com eles, e começaram a resgatar partes da sua cultura que não praticavam mais como os cantos e as danças. “Eles criaram um grupo de coral e um grupo de dança adulta para tentar preservar essas raízes que eles já não tinham. Então a gente percebe que foi um gás para eles se lembrarem de coisas que já não lembravam mais. Eles nos apoiaram em tudo!”, conta Bruna.

 

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A inauguração contou com a presença de autoridades, alunos da professora Bruna e também boa parte da Comunidade, que ao final dos pronunciamentos encantou os presentes com uma apresentação de dança e canto, realizada no pátio do Museu.

 

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O professor Adilson, que dá aula na Escola Estadual Indígena Kame Mre Kanhru Kre, diz que se emocionou ao ver as fotos da sua comunidade estampadas nas paredes do Museu. “Eu sempre gostei de dizer para essa nova juventude que sem a população não-índia nós não somos ninguém, sem o apoio de vocês nós não somos ninguém. Aqui vocês vão mostrar que ainda existe a cultura indígena no Rio Grande do Sul e no Brasil inteiro. Nós somos cidadãos como qualquer um, só muda a cultura. É difícil o índio ser visto com um bem desse tipo que vocês fizeram pra nós”, ressaltou.

 

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O cacique da tribo, Ivo Gales, também agradeceu o espaço do Museu e o projeto realizado por Bruna e Felipe, destacando as conquistas da comunidade. “Vale a pena nós mostrarmos a nossa cultura porque a juventude, as crianças, as mocidades, eles têm que conhecer a cultura indígena. Eu posso dizer que sou natural de Carazinho, me criei aqui, cheguei aqui quando eu tinha 8 anos, então me sinto natural daqui. Hoje tenho a minha família que luta comigo e hoje temos um avanço na parte da educação. Com muita dificuldade conseguimos um professor bilíngue e hoje ele faz esse movimento junto com as crianças”.

 

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A noite foi de agradecimentos e muita emoção. “Eu sou professora, mas sou aluna o tempo todo. Uma vez eu aprendi com um sábio professor o que me faz levantar todos os dias pra ir dar aula e fazer esses projetos. Ele me contou a história do beija-flor. Quando pegou fogo na floresta só o beija-flor ficou lá e os outros animais maiores caçoavam dele e diziam: ‘Por que você está fazendo isso, por que você está indo apagar o fogo se você é tão pequenininho, só cabe uma gotinha de água no teu bico!’. E aí ele levantou a cabeça, pegou mais água, levou na floresta e disse: ‘Pelo menos eu faço a minha parte’. E isso me motiva todos os dias, eu aprendi isso com o professor Adilson e a gente tenta trazer isso pra cá também”, finalizou Bruna emocionada.

 

 



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