Feira de Países promovida pela Escola Sunflower celebra a diversidade cultural e proporciona a troca de vivências com imigrantes


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30 de novembro de 2023

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Feira de Países promovida pela Escola Sunflower celebra a diversidade cultural e proporciona a troca de vivências com imigrantes


No dia 18 de novembro, a escola Sunflower abriu suas portas para realizar uma Feira de Países, que reuniu pais, alunos e membros da comunidade em um evento enriquecedor. A iniciativa, que visa promover a valorização das diferentes culturas, destacou trabalhos de pesquisa realizados pelos alunos em língua inglesa, além de exibir uma variada coleção de objetos e artefatos de várias partes do mundo. Em especial, os artesanatos típicos da Polônia, como a Lepianka, apresentados por Ágata Grochot. A diversidade de sabores também esteve presente, com uma seleção de pratos de diferentes regiões disponíveis para degustação. 

 

 

Para enriquecer ainda mais o evento, a escola convidou nativos de alguns países, incluindo imigrantes da Venezuela e do Senegal, que compartilharam suas histórias e experiências. Luisiana González e seu filho Armando trouxeram alguns pratos, como os Tequeños, e uma bebida doce chamada Chicha. Com as cores e a alegria da Venezuela em suas roupas, eles compartilharam fatos sobre seu país e sua história pessoal, que motivou a imigração para o Brasil. “O fato de a Venezuela estar em uma crise econômica muito grande e já não oferecer boas oportunidades para os meus filhos fez com que nós viéssemos para o Brasil. Primeiro vim sozinha e depois consegui trazer meus filhos, minha mãe e o restante da família. Hoje, graças a Deus, minha família está aqui”, conta. 

Luisiana está no Brasil há 5 anos. Inicialmente morou em Belo Horizonte, mas não se adaptou à vida em uma metrópole. Uma de suas irmãs já morava no Rio Grande do Sul e comentou sobre as oportunidades de emprego que o estado oferece. “Chegamos em Passo Fundo e, essa cidade, me lembra muito a minha cidade natal, El Tigre, então resolvemos ficar aqui”, conta. Ao chegar na cidade, ela teve a oportunidade de trabalhar como copeira no Hospital São Vicente de Paulo, mas logo ficou sabendo que a instituição estava com as portas abertas para o curso de técnico de enfermagem. “Aproveitei essa oportunidade, estudei, e no mês de julho tive a minha formação como técnica de enfermagem. Hoje em dia trabalho no São Vicente e, como falo, sou uma cuidadora da vida de vocês”, comenta.

Pensando em ajudar mais Venezuelanos que chegam a cidade e ao país, está sendo estruturada a Associação de Venezuelanos no Brasil – VeneBras, da qual Luisiana atua como Presidente. “As pessoas chegam aqui apenas com uma mochila nas costas. Já imaginou, estar em um país diferente, sem ter nada? Por isso estamos estruturando essa Associação, arrecadando doações para ajudar as pessoas. Sempre digo que algo que uma pessoa não gosta mais é um tesouro para outra pessoa”, salienta. 

A Associação também tem contado com a ajuda de brasileiros, como Erenice Pagel. Seu primeiro contato com os venezuelanos aconteceu há três anos, logo antes do início da pandemia. Sensibilizada em ajudá-los, ela percebeu que seria mais fácil organizar a Associação com a participação de um brasileiro, e, assim, passou a envolver-se ainda mais. 

“Vemos muitas pessoas criticando, se perguntando porque essas pessoas vieram pra cá, sem se colocar no lugar delas. Não conseguimos nem imaginar o que elas estavam passando, para largar tudo o que tinham e começar suas vidas do zero. Hoje temos cerca de 2 mil venezuelanos em Passo Fundo e mais estão chegando… e é importante que nós, como brasileiros, entendamos que se eles não estiverem bem, nós não vamos estar bem”, destaca. 

A Associação está em processo de estruturação, no cartório, para que possa em breve poder arrecadar renda e oferecer mais acolhimento aos imigrantes. Atualmente, Erenice se responsabiliza por receber e entregar doações, conectando pessoas que querem ajudar com quem precisa de ajuda. A Associação também busca dar assistência jurídica, encaminhando os imigrantes para o Balcão Migra da UPF, para auxiliá-los com questões de documentos e questões trabalhistas. “Mesmo quem já conseguiu um trabalho, não recebe o suficiente para manter uma família e montar uma casa. Por isso, temos muito trabalho a fazer para ajudar essas pessoas”, afirma. Quem quiser ajudar com doações, pode entrar em contato com a Erenice através do telefone: (54) 98143-0677 e também seguir o perfil da Associação no Instagram @associacao_venebras.

Senegaleses destacam a importância de conhecer a língua do outro

Um grupo de imigrantes do Senegal também se juntou à Feira da Escola Sunflower. Os amigos Ibrahim Toure, Abdou Fall, Moustapha Diouf e Gora Niang, prepararam um pastel chamado Fataya para compartilhar no evento. 

Fataya, preparada pelos Senegaleses

O grupo mora há quase 10 anos em Passo Fundo e veio para cá com a expectativa de trabalhar, melhorar suas vidas, ajudar suas famílias e, também, conhecer uma nova cultura. 

Eles contam que a adaptação foi difícil, afinal, tudo é diferente do que conheciam: o clima, a cultura, a língua… E, justamente, uma das maiores dificuldades foi a comunicação. “É muito difícil não ter palavras para expressar algo que você precisa. Por isso, se temos uma boa comunicação, nos adaptamos melhor! O que nos ajudou nesse ponto foram as pessoas, que são muito acolhedoras e dispostas a ajudar. Se existe nas pessoas essa vontade de ajudar, tudo pode dar certo!”, comentam. 

Os amigos trabalham em diferentes profissões atualmente, como motorista de aplicativo, soldador, pedreiro e vendedor. Eles são muito gratos pelas oportunidades que tiveram aqui, pois hoje já conseguiram trazer para cá seus familiares. “Graças a Deus hoje estamos todos bem, trabalhando e conquistando a vida!”, afirmam. 

A Feira de Países da escola Sunflower não apenas proporcionou um ambiente de celebração e aprendizado, mas também ressaltou a importância de acolher e valorizar as diversas culturas presentes em Passo Fundo. Este evento exemplifica como a comunidade local pode ser uma força positiva na construção de pontes culturais e na promoção da compreensão mútua.

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