MULHER, SUBJETIVIDADE E CULTURA


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8 de março de 2016

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MULHER, SUBJETIVIDADE E CULTURA


Primeiramente, constituir-se subjetivamente encontra-se intrínseca e dialeticamente ligado aos valores sociais, econômicos e culturais de uma determinada época. Discorrer sobre a mulher e sua feminilidade implica em entrelaçar vários aspectos.

Antes da existência dos métodos anticoncepcionais o desejo da mulher era atrelado ao da reprodução biológica que por sua vez obviamente sempre conduziu á reprodução social (crescimento populacional e expansão cultural).
Um incentivo para o controle de natalidade emergia através do economista e demógrafo britânico Thomas Malthus que ficou conhecido pela teoria segundo a qual o crescimento da população tende sempre a superar a produção de alimentos, o que torna necessário o controle da natalidade.
Thomas Robert Malthus nasceu entre 14 e 17 de fevereiro de 1766, em Rookery, Surrey, Inglaterra. Morreu em 1834.

Com o advento da criação de métodos anticoncepcionais, apoiada na restrição da reprodução biológica em benefício da coletividade humana, o desejo da mulher se ampliou para além do âmbito familiar e da maternidade. Nasce assim uma mulher de cara nova, não mais assentada e sujeitada “ao determinismo dos ciclos hormonais que aprisionavam os seus corpos” nas palavras do psicanalista Joel Birmann.

Torna-se relevante lembrar que a mulher foi abrindo novos espaços gradativamente e dentro de um contexto muito abrangente, já que algumas lutas feministas iniciaram no ano de 1857 em Nova York por trabalhadoras da indústria têxtil e outras na antiga Rússia, em 1917.

A partir de 1960, com a descoberta da pílula anticoncepcional, ocorreu um salto que transformou a ideia de maternidade, casamento, família e carreira profissional.

Na modalidade conjugal passou a ser importante o exercício prazeroso da sexualidade, e os parceiros passaram a galgar que cada um oferecesse ao outro o incentivo para expansão de sua potência de ser e de existir.

A independência e autonomia de um em relação ao outro no casamento, conduziu ao aumento de divórcios e com isso uma nova ordem familiar se evidencia diferente da família nuclear tradicional.

Nos tempos atuais, segundo o raciocínio de Joel Birmann, com o qual estou em consonância, às crianças deixaram de ser o signo para excelência do futuro, há um não desejo por crianças porque estas perturbam a liberdade e modalidade, de existir e de desejar.

Os homens, nestas novas modalidades, não conseguiram compensar e equilibrar a falta materna na família. Por sua vez, a mulher sozinha com filhos, tem dificuldades de ser pai e mãe ao mesmo tempo. A demanda por creches e escolinhas tem aumentado e talvez seja uma saída razoável para o presente e para o futuro. Contudo, há muito a ser melhorado no sistema educacional e quanto à relação pais, filhos, escola concernente a papéis e responsabilidades de uns e de outros.

Nossa cultura idealiza o mundo adolescente de como ele era descrito num passado não muito distante. Todos valorizam o tempo presente, o mundo das sensações, aproveitar a vida. As fronteiras psíquicas entre a “adolescência” e os demais momentos da existência tendem a se esfumaçar e até mesmo a se apagar.

Por fim, já se lê pensadores discorrendo sobre hipermodernidade para situar o hoje que vivemos, antecipando mais transformações culturais. Dentro delas, penso que homens, mulheres, homossexuais, transexuais, serão todos vistos como sujeitos e indivíduos inseridos num novo pensamento coletivo em que ideias machistas e feministas vão perdendo força, sendo substituídas por outras premissas.

 

*Ilustração retirada do site contioutra.com



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