SER UM SUJEITO SINGULAR A PARTIR DA COMPLEXIDADE


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17 de fevereiro de 2016

Tempo de Leitura: 2 minutos

SER UM SUJEITO SINGULAR A PARTIR DA COMPLEXIDADE


Cada sujeito nasce com um idioma que, no entanto, ainda não foi completado porque esse idioma vai sendo configurado parcialmente e gradativamente pela utilização dos “objetos” (formas de cuidado, atenção, alimentação, disciplina, estímulos, brinquedos) disponibilizados pelos cuidados parentais. Quando um sujeito é comparativamente livre para estabelecer o seu próprio idioma de ser e de se relacionar através dos meios ambientais oferecidos, poderá concretizar uma estética idiossincromática e irá moldando e formatando o seu mundo de modo peculiar.

Visto sob este ângulo, cada sujeito irá achar determinados indivíduos mais atrativos que outros, irá comparar objetos reais, obras de ficção, peças musicais, passatempos, atividades recreativas considerando umas mais interessantes que outras. No curso de uma vida e dentro de um mundo de “objetos” compartilhados com os outros, cada sujeito modela a sua realidade construindo um mundo próprio de modo tão singular quanto suas impressões digitais.

No esforço para entender o ser em sua singularidade, a Psicanálise volta-se para o estudo dos modelos vinculares parentais desde mais tenra infância para compreender o sujeito no estado atual, momento em que procura ajuda profissional devido alguma modalidade de sofrimento.

Sabe-se que o inconsciente infantil é povoado pelo inconsciente materno (mãe ambiente e todos que atendem ao bebê). Como? As projeções da “mãe e ambiente” ajudam a inaugurar a elaboração criativa do eu de seu filho. Ou seja, as interações iniciais vão modelar o ser humano em conjunto com as muitas experiências com outros reais neste período e posteriormente.

Destarte, se o provimento ambiental não é constante e cuidadoso, o sujeito poderá sofrer um déficit narcisista, vai idealizar a si mesmo e só procurar o outro para completar o vazio e falta de consistência em relação à imagem que possui, não aceitará que os outros sejam diferentes, não compreenderá a alteridade (dar e receber), evidenciará falha empática e dificuldade de enfrentar frustrações. O tipo narcisista procura se sustentar num eu vazio.

As deficiências no provimento ambiental podem estar na raiz da dita personalidade esquizoide, repleta de objetos, ao contrário do vazio, mas sem estabilidade com nenhum. Pode-se citar o transtorno borderline no qual o sujeito anseia, constantemente, por estados mentais turbulentos.

Neste artigo apresento apenas uma noção da complexidade do processo do vir a ser de um sujeito humano em contínua interação com o meio circundante visando oportunizar uma reflexão acerca das psicopatologias no comportamento. As quais por sua vez não são tão simples de transformar….



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