Agosto Dourado: porque incentivar o aleitamento materno


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26 de agosto de 2023

Tempo de Leitura: 4 minutos

Agosto Dourado: porque incentivar o aleitamento materno


Neste artigo, a Dra. Nathália Pacheco Pinto fala como médica e mãe sobre a importância e os desafios que envolvem a amamentação, destacando as ações que estão em prática para ajudar outras mães nesse momento tão fundamental da vida 

Em cada canto do planeta, o mês de agosto é tingido de dourado para reforçar a importância do aleitamento materno. Desde 1992, quando a Aliança Mundial para Ação em Aleitamento Materno (World Alliance for Breastfeeding Action – WABA) instituiu o 1º de agosto como o Dia Mundial da Amamentação, o Brasil tem sido um defensor dessa causa, adotando e promovendo o movimento com o seu devido valor. Afinal, estamos falando do alimento que salva vidas que acabaram de estrear nesse mundo.

Em Carazinho, onde celebro 8 anos de meu consultório, a dedicação é a mesma. Estou profundamente engajada, tanto pessoal quanto profissionalmente, em promover e encorajar a amamentação. Como médica ginecologista e obstetra, sou testemunha diária da magia, dos benefícios e desafios que envolvem o tema. Minha experiência materna, amamentando minha filha Elis por três anos e três meses, reforçou minha visão e comprometimento com o assunto. A amamentação vai além de uma simples ação fisiológica; é uma profunda manifestação de amor, força e generosidade.

Mas, sou pragmática ao reconhecer os obstáculos que uma mãe pode encontrar nesse caminho. Para transformar a amamentação em um processo mais informado e consciente, criei soluções e parcerias que buscam acolher e apoiar minhas pacientes.

Atualmente, consultoras especializadas em lactação, que são enfermeiras obstétricas e com atuação reconhecida no país — Camila Zibetti, consultora Internacional em Lactação certificada pelo IBLCE e Enfermeira Obstetra, e Mayra Tagliapietra, consultora em Lactação e Enfermeira Intensivista Neonatal e Pediátrica —, integram minha equipe de assistência multidisciplinar durante a gestação. Elas são responsáveis por guiar e instruir as gestantes desde o início de sua caminhada rumo à maternidade. Batizamos a iniciativa de “Pré-Natal do Mamá”, uma ação pioneira e que terá novos desdobramentos a partir deste ano. Esse auxílio não espera o nascimento do bebê para iniciar o acompanhamento. Durante todo o acompanhamento gestacional, a futura mãe é acolhida em suas dúvidas e orientada com suas particularidades, recebendo todo o suporte necessário para se sentir confiante e preparada para amamentar.

O leite materno é, indiscutivelmente, o alimento mais completo que uma mãe pode oferecer ao seu filho desde o momento em que ele chega ao mundo. Por isso, em todos os partos que conduzo, se mãe e bebê estiverem aptos, incentivamos a Golden Hour (hora dourada ou primeira hora de vida do recém-nascido), promovendo o contato pele a pele e o estímulo à amamentação. Mobilizamos toda a equipe de assistência médica para que isso ocorra.

Apesar desse comprometimento, reconhecemos que, em algumas situações, a amamentação pode não ser viável imediatamente. Nessas circunstâncias, entram em ação, novamente, as consultoras de lactação que serão efetivas na busca de soluções ou alternativa segura para a mãe nutrir seu bebê.

Não seria exagero dizer que o leite da mãe é uma espécie de poção mágica, formulado em toda a sua complexa composição para atender às necessidades específicas de cada bebê. Ele não apenas fornece nutrientes vitais, mas também fortalece o sistema imunológico do bebê, gerando benefícios para o intestino, menos cólicas, menor risco de doenças, alergias, asma, diarreia, pneumonia e até mesmo obesidade. Já está comprovado que o ato de amamentar também favorece o desenvolvimento cognitivo e motor da criança.

Mas as vantagens da amamentação não se limitam apenas ao bebê. Para a mãe, os benefícios se estendem à redução do risco de câncer de mama. Além disso, amamentar estreita o laço entre mãe e filho e é mais conveniente, sem a necessidade de envolver terceiros ou situações domésticas. Do ponto de vista econômico, amamentar também é mais vantajoso.

Os benefícios são incontestáveis, mas o Brasil ainda não atingiu as taxas de amamentação exclusiva recomendadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Mesmo registrando 80% das mães brasileiras em amamentação, apenas 46% persistem até os 6 meses. Diversos fatores contribuem para essa realidade, incluindo a falta de apoio de familiares e amigos, o retorno precoce ao trabalho e a carência de informações corretas sobre a amamentação.

O Agosto Dourado é um lembrete da importância da amamentação para o recém-nascido, mas também para essa criança a longo prazo. É um chamado para que todos — profissionais de saúde, famílias e sociedade em geral — se unam em apoio às mães.

Lembre-se: amamentar não se trata apenas de um ato de nutrição. É a primeira promessa de uma mãe ao seu filho, garantindo-lhe o melhor começo de vida possível. Neste mês tão simbólico e emblemático, convido todas as mães a abraçarem essa causa, buscando informações, apoio e confiando em seu instinto materno.

A amamentação é mais do que uma escolha; é um direito de cada mãe e de seu bebê. E, juntos, podemos garantir que esse direito seja respeitado e celebrado não somente em agosto, mas todos os dias e no ano inteiro.

Desmistificando Mitos sobre a Amamentação

Amamentar é puramente instintivo:
É um equívoco acreditar que amamentar é puramente instintivo e que basta colocar o bebê junto ao peito materno para que tudo ocorra perfeitamente. A realidade é que a amamentação pode apresentar desafios. A chave para superá-los é a informação. Quanto mais estivermos informados sobre o processo, mais tranquila e bem-sucedida será a experiência de amamentação. Além disso, é fundamental estabelecer limites e contar com o apoio da família.

Há um período pré-determinado para amamentação:
Não existe um período fixo para amamentar. A amamentação deve continuar enquanto for benéfica e confortável para mãe e bebê. O Ministério da Saúde incentiva a amamentação prolongada, recomendando aleitamento materno exclusivo até os seis meses de idade e, idealmente, a continuação da amamentação até os dois anos ou mais. Não há um prazo máximo estabelecido que possa resultar em desvantagens, como um apego excessivo da criança à mãe. Na verdade, a amamentação traz inúmeros benefícios, inclusive para o desenvolvimento da autonomia da criança.

 

 

Dra. Nathália Pacheco Pinto
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