Endometriose: doença que acomete uma em cada dez mulheres no Brasil pode ser tratada através de cirurgia robótica


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24 de agosto de 2023

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Endometriose: doença que acomete uma em cada dez mulheres no Brasil pode ser tratada através de cirurgia robótica


No Hospital São Vicente de Paulo, de Passo Fundo, várias mulheres que sofrem da doença ginecológica foram tratadas com auxílio do Robô Versius

Sentir cólicas durante o período menstrual é comum para muitas mulheres, porém, em algumas situações, o desconforto é tão grande que acende um alerta à saúde feminina. Sintomas como cólicas menstruais intensas e dor pélvica são característicos da endometriose, doença ginecológica benigna, inflamatória e hormônio-dependente que atinge, segundo o Ministério da Saúde, uma em cada dez mulheres no Brasil.

A médica ginecologista e integrante do Corpo Clínico do Hospital São Vicente de Paulo, de Passo Fundo, Dra. Andreia Jacobo, afirma que a endometriose acomete mulheres no período reprodutivo da vida, ou seja, enquanto menstruam. Sentir dores tão fortes a ponto de dificultar a realização de tarefas rotineiras não é normal. Por isso, procurar orientação médica é fundamental para identificar a doença.

“O primeiro passo para fazer o diagnóstico é pensar na doença, baseado nas queixas apresentadas pela paciente, como cólicas progressivas e incapacitantes, dor durante as relações sexuais, alteração do hábito urinário e intestinal durante o período menstrual, dor para urinar ou para evacuar acompanhados ou não de sangramento no período menstrual e dificuldade para conseguir engravidar”, explica a Dra. Andreia.

O diagnóstico
Além do relato da paciente, o exame físico feito pelo ginecologista também é imprescindível para obter o diagnóstico. “Durante o exame físico se realiza o toque vaginal, onde pode se identificar nódulos ou espessamentos em fundo de saco vaginal, mobilidade reduzida do útero ou massas pélvicas. Baseado na história e no exame físico, se houver a suspeita de endometriose, podemos fazer exames complementares”, detalha a médica.

Conforme a especialista, os principais exames são a ultrassonografia transvaginal para mapeamento da endometriose e a ressonância magnética. “Os dois exames têm alta acurácia para o diagnóstico, ou seja, têm alta chance de acerto quando a paciente tem endometriose, quando realizados por profissionais capacitados e com experiência com a doença”, complementa.

Esses exames mostram endometriose profunda, quando a doença tem 5 mm ou mais de profundidade. Quando a doença é superficial não é possível identificá-la através de exames de imagem, sendo necessária a realização de videolaparoscopia para o diagnóstico. “Não existe nenhum exame laboratorial capaz de fazer o diagnóstico de endometriose, portanto não há indicação de realizar nenhum exame de sangue para diagnosticar essa doença”, ressalta.

A preocupação, segundo a especialista, é que muitas mulheres levam de seis a oito anos para descobrir a doença. “Esse atraso se deve a normalização da dor tanto por parte da população e também de profissionais da saúde. Neste período a doença segue progredindo e, quando o diagnóstico é estabelecido, muitas vezes ela está bastante avançada. Além disso, 10% das mulheres são assintomáticas com relação a dor e apresentam apenas a infertilidade como principal manifestação da doença”, pontua.

O tratamento
No que diz respeito ao tratamento, diversos aspectos são levados em conta para indicá-lo, como os sintomas, grau de acometimento e desejo de engravidar. Conforme a Dra. Andreia, a endometriose pode ser tratada clinicamente com medicamentos, especialmente hormônios, e também através de cirurgia.

“O tratamento cirúrgico é destinado para as pacientes que têm a doença em estágios mais avançados, com acometimento da função de algum órgão, ou também para quem tem endometriose no intestino delgado, no apêndice cecal, cistos volumosos de endometriose nos ovários, para aquelas mulheres que estão com dificuldade de  engravidar e também para aquelas que apesar do tratamento clínico não estão tendo uma qualidade de vida em razão das dores”, frisa a especialista.

Cirurgia robótica para o tratamento da doença
Dentre as possibilidades de tratamento existem as cirurgias robóticas. No Hospital São Vicente de Paulo, que vem se destacando cada vez mais pela oferta de procedimentos robóticos em diversas especialidades, as cirurgias para tratamento de endometriose já são uma realidade. Inclusive, com a realização recente dessas cirurgias com o Robô Versius.

Conforme a Dra. Andreia, a cirurgia robótica traz inúmeras vantagens em comparação com a cirurgia videolaparoscópica para mulheres que sofrem da doença. Com imagens mais nítidas e em altíssima definição, o cirurgião tem a possibilidade de remover as lesões, causando um menor dano tecidual  e, dessa forma, proporcionar uma recuperação pós-operatória mais rápida à paciente.

“O robô transmite uma imagem tridimensional, em alta definição. Além disso, o console filtra eventuais tremores do cirurgião e as pinças possuem graus de movimentos que as mãos humanas não conseguem desenvolver, o que permite ao cirurgião enxergar com muita clareza todas as lesões e fazer a retirada delas com muita precisão, preservando estruturas importantes como nervos e causando menor trauma tecidual, levando consequentemente a uma recuperação pós-cirúrgica melhor e muito mais rápida”, destaca.

A cirurgia melhora a qualidade de vida porque reduz as dores, aumenta as taxas de fertilidade e devolve a qualidade de vida às mulheres. “A indicação cirúrgica deve ser precisa e no momento adequado”, conclui a Dra. Andreia.

 

Créditos: Liliane Ferenci – Comunicação HSVP



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