Quando os pais se separam


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18 de fevereiro de 2021

Tempo de Leitura: 2 minutos

Quando os pais se separam


por Amanda Gavioli Segatt

Será que um desentendimento entre os pais não abala os filhos tão profundamente quanto a separação ou o divórcio? Muitas crianças que presenciam desavenças dos seus pais ou cuidadores, acabam ficando angustiadas e perguntam: “vocês vão se divorciar? “. Elas gostariam de saber se está claro que os pais irão se divorciar ou se continuarão a viver brigando.

O divórcio legaliza o estado de desentendimento e leva a uma libertação da discórdia. No entanto, para os filhos, o divórcio inicialmente é misterioso, mas não deve permanecer como tal, já que é uma situação legal perante ao judiciário.

Há casais que conseguem se reconciliar. Entretanto, há outros casais que optam pela separação. A partir disso, faço a seguinte indagação: contar ou não contar a verdade sobre a separação ou divórcio à criança?

Geralmente os adultos levam tempo para tomar a decisão de ficarem juntos ou de se casarem, e também não é de um dia para o outro que decidem se divorciar. Assumiram compromissos quando trouxeram seu (s) filho (s) ao mundo, e agora precisam enxergar com clareza. Não é por estarem em divergência neste momento que as coisas podem se desfazer repentinamente. Não estamos em uma brincadeira para dizer: agora não vou mais brincar. O casamento é uma coisa extremamente séria. O que não está funcionando é o casal, mas é preciso que a criança saiba disso para que não se sinta culpada.

É importante assumir a responsabilidade pela separação, e também fazer um trabalho de preparação. Se os filhos estiverem a par da situação, não viveriam num sonho que se procura manter, do papai e mamãe inseparável. As crianças são totalmente capazes de assumir a realidade que vivem, já que a vivem. É preciso humanizar essa decisão, coloca-la em palavras, e não guardar para si sob a forma de angustia ou estados depressivos e de excitação em que a criança sente como um abalo na segurança dos pais.

O essencial é que os filhos sejam avisados do que está se preparando no início do processo e do que ficará decidido ao final dele, mesmo quando se trata de crianças que ainda não andam. Os mesmos devem ouvir palavras claras acerca das decisões tomadas por seus pais e homologadas pelo juiz ou por este imposta aos pais. Ainda assim, seria importantíssimo que os filhos soubessem que o divórcio dos pais foi reconhecido como válido pela justiça e que, dali por diante, os pais terão outros direitos, mas que, apesar de liberados da fidelidade um ao outro e da obrigação de viver sob o mesmo teto, eles não são liberáveis de seus deveres de “parentalidade”, cujas modalidades o juiz terá estipulado.

 

Amanda Gavioli Segatt
Psicóloga, especialista em psicologia forense e em psicologia clínica com enfoque psicanalítico



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